• 15.02
  • 2011
  • 16:53
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No mundo, 44 jornalistas foram mortos e 145 presos em 2010

 

O Globo.com - 15/02/2011

Quarenta e quatro jornalistas foram assassinados e outros 31 morreram em circunstâncias ainda não confirmadas no ano passado, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). O relatório da entidade revelou nesta terça-feira que outros 145 repórteres foram presos no exercício da profissão. Na América Latina, o CPJ aponta para o recrudescimento da censura, apesar da democratização do continente.

_ A democrartização política não trouxe as reformas necessárias ao sistema judiciário para garantir a liberdade de imprensa. Desde 1992, esse foi um dos piores anos de ataques à imprensa. Além disso, as organizações criminosas expandiram seu poder_ afirmou esta manhã o coordenador sênior do CPJ para o programa das Américas, Carlos Lauría, ao lançar o relatório global do CPJ em São Paulo.

A expansão do poder dos grupos criminosos é marcante, principalmente, no México, onde os jornalistas são ameaçados e muitas vezes mortos pelos grupos de narcotraficantes. Redações também são atacadas por bombas e incendiadas.

_ Em quatro anos, 30 jornalistas foram mortos no México.

No Brasil, foi registrada em 2010 a morte de Francisco Gomes de Medeiros, diretor da Rádio Caicó, no Rio Grande do Norte, por represália à cobertura de um crime de roubo. No Ceará, o editor do semanário "Sem Nome", Gilvan Luiz Pereira, foi sequestrado e torturado. Mas, para a CPJ, o maior ataque à liberade de imprensa no país é feito por meios judiciais. Só no primeiro semestre de 2010, o Google recebeu 398 solicitações judiciais para a remoção de conteúdo na internet.

_ Centenas e centenas de casos seguem na Justiça brasileira, buscando censurar coberturas de temas de interesse público. O caso emblemático é o do senador José Sarney contra o jornal O Estado de S. Paulo. Ele exemplifica muito bem os problemas que a imprensa brasileira tem para cobrir temas sensíveis e de claro interesse público. As decisões são tomadas principalmente por juízes de primeira instância, que são mais suscetíveis às pressões (de autoridades locais_ disse Lauría.

A relação tensa entre a imprensa brasileira e o governo não passa despercebida pelo CPJ, principalmente durante a cobertura eleitoral no ano passado. No entanto, para Lauría, haveria um problema nessa relação se as críticas do governo à imprensa resultassem em ações tanto governamentais como judiciais. Ele citou como exemplo a Venezuela, onde, em sua opinião, o governo exerce censura não só sobre temas relativos à administração pública quanto até a publicação de fotos que o presidente Hugo Chàvez considere impróprias.

_ Há uma relação muito ríspida entre o governo e a imprensa brasileira, mas é parte dos cânones normais_ afirmou Lauría.

Os países em situação mais grave da América Latina são o México e Honduras, com três assassinatos confirmados no ano passado, além da suspeita de outras 6 mortes em Honduras e mais sete no México.

 

Assinatura Abraji