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No Maranhão, 5 tiros matam o 4º jornalista no País neste ano
Publicado em 25 de abril de 2012 no jornal O Estado de S.Paulo.
Ernesto Batista
O jornalista Décio Sá foi assassinado com cinco tiros, na cabeça e nas costas, na segunda-feira à noite em São Luís (MA). Ele tinha 42 anos. Segundo testemunhas, o assassino – um homem corpulento de pele morena e cabelos lisos – entrou em um bar onde Sá esperava um conhecido, na Avenida Litorânea. Foi ao banheiro, na volta, fez os disparos, cruzou a rua, subiu calmamente em uma moto e desapareceu.
Jornalista há 17 anos, Décio Sá era repórter de O Estado do Maranhão, jornal pertencente à família Sarney. Escrevia diariamente o Blog do Décio, um dos mais acessados na política maranhense. Segundo a dona do bar, Jaqueline Moreira, ele ainda teria dito “não faz isso não” antes de levar os tiros. Décio deixa a mulher, grávida, e uma filha de 8 anos.
“Não temos a menor dúvida de que o crime está ligado ao exercício profissional do jornalista, que era combativo e polêmico”, afirmou o secretário de Segurança do Estado, Aluísio Mendes, que logo desencadeou uma operação de buscas na região. Mais de 20 pessoas já foram convocadas para ajudar a compor um retrato falado do criminoso.
Pesar. Em nota, a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) lamentou a morte de Décio, “em decorrência da corajosa cobertura que fazia dos crimes de pistolagem no Maranhão”. A ANJ assinala que foi “o quarto assassinato de jornalista só este ano”.
De Nova York, o diretor do Comitê de Proteção aos Jornalistas, Carlos Lauria, se diz “profundamente entristecido” e adverte para o “terrível registro de impunidades” desse tipo de crime no Brasil.
O presidente do Senado, José Sarney – que teve alta ontem do Hospital Sírio-Libanês – definiu o crime como “hediondo, brutal e cruel” e o considera “um atentado à democracia”.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) afirmou “extremada indignação” como crime e fez um apelo à presidente Dilma Rousseff para que “determine à Polícia Federal que acompanhe as investigações”. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também se manifestou sobre o asusnto. A entidade cobrou das autoridades estaduais investigação sobre o crime.
O atentado em São Luís ocorre um dia depois de a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) ter pedido ao Brasil, em sua reunião em Cádiz, na Espanha, que combata com maior vigor a impunidade dos crimes contra jornalistas no País.