Narrativas de Resistência: como fazer cobertura de grandes eventos com recorte racial
  • 22.10
  • 2024
  • 15:29
  • Isadora Ferreira

Formação

Acesso à Informação

Narrativas de Resistência: como fazer cobertura de grandes eventos com recorte racial

Nesta quarta-feira, 23 de outubro, às 17h, o Jornalismo sem Trégua, da Abraji, realizará o webinar "Narrativas de Resistência: Coberturas Jornalísticas com Recorte Racial", trazendo um debate sobre a importância da diversidade nas coberturas jornalísticas. O evento, que será online e gratuito, será transmitido pelo YouTube da Abraji.

Angelina Nunes, coordenadora do Programa Tim Lopes, conduzirá a conversa com Marcelo Moreira, sócio-diretor da DiversaCom, ex-diretor de jornalismo da TV Globo em Minas Gerais e um dos fundadores da Abraji; Solon Neto, cofundador e diretor de notícias e audiência da Alma Preta Jornalismo; e Vinícius Martins, cofundador e diretor multimídia da Alma Preta Jornalismo. Juntos, eles discutirão a cobertura histórica das Olimpíadas de Paris realizada pela Alma Preta em parceria com a DiversaCom, com foco na representatividade e nas questões raciais.

Alma Preta e DiversaCom: primeiro credenciamento de mídia negra independente do COI nas Olimpíadas

A cobertura olímpica realizada pela Alma Preta foi a primeira vez que uma mídia independente de comunicação negra obteve credenciamento oficial do Comitê Olímpico Internacional. Essa iniciativa, fruto da parceria entre a Alma Preta e a DiversaCom, trouxe um olhar plural para o evento esportivo, destacando a diversidade entre os atletas e explorando temas que costumam ser pouco abordados pela grande mídia como representatividade e inclusão, além de contextualizar a cidade de Paris a partir de suas histórias menos conhecidas.

“A cobertura dos Jogos Olímpicos de Paris era um sonho alimentado pela Elaine Silva, diretora do portal, desde que ela visitou a cidade uns dois anos antes dos jogos. Na época, parecia um salto muito grande para a Alma Preta, uma vez que a cobertura deste porte até então só tinha sido feita por grandes veículos de comunicação”, afirma Marcelo Moreira. Ele destaca como a união entre a Alma Preta, com sua equipe de jornalistas, e a DiversaCom, com sua expertise em grandes eventos, possibilitou a realização desse projeto inovador. “No fim, fizemos história. Pela primeira vez um veículo independente de mídia negra cobriu uma edição internacional de Jogos Olímpicos”, diz Moreira. 

Solon Neto e Vinícius Martins, que realizaram a cobertura ao lado de Elaine Silva, sócia e diretora da agência, destacam o diferencial dessa iniciativa. Para eles, o objetivo vai além de simplesmente retratar a relevância dos atletas negros nos Jogos; é também sobre reconhecer o desempenho histórico das mulheres negras brasileiras e a consolidação de figuras como Rebeca Andrade, Beatriz Souza e Raíssa Leal no cenário esportivo mundial. Além disso, buscam trazer visibilidade a questões mais profundas relacionadas à presença negra em Paris e na França.

“Representar a Alma Preta nas Olimpíadas foi incrível. Acho que ainda não caiu a ficha; me pego pensando se isso realmente aconteceu”, diz Vinicius Martins. O jornalista conta que conseguir acessar eventos de grande porte, globais e históricos, como as Olimpíadas em Paris, é um marco no processo de amadurecimento da agência Alma Preta Jornalismo. “Paris é uma das grandes fronteiras raciais do mundo. Poucos lugares além do Brasil estão em contato tão forte com os desafios de lidar com pessoas fenotipicamente e culturalmente tão distintas em busca de uma convivência harmoniosa. Poder registrar parte da potência cultural de diversas populações do continente africano presentes na cidade, como Senegal, Mali, Gâmbia, Angola e Costa do Marfim, entre tantas outras, foi incrível”, diz Martins.

Ele compartilha que o portal tem grandes planos para o futuro: “Daqui em diante, desejamos cobrir esses grandes eventos sempre, pensando não apenas no esporte, mas no contexto geral dos territórios e das populações envolvidas direta ou indiretamente. Vamos em busca da próxima Copa do Mundo em 2026 e das Olimpíadas de Los Angeles, em 2028.”

Marcelo Moreira complementa: “Paris é uma cidade negra, muito influenciada pela colonização francesa de países africanos. A base da equipe foi num bairro habitado em sua grande maioria por negros. Essas histórias não eram contadas pelos grandes veículos. Mas, graças à cobertura da Alma Preta, o leitor conheceu uma Paris diferente do circuito turístico. Uma Paris real, com seus problemas, desafios e riquezas que vão muito além do Rio Sena e da Torre Eiffel”.

O webinar será uma oportunidade de conhecer mais sobre o impacto dessa cobertura nas Olimpíadas e discutir como o jornalismo pode contribuir para uma sociedade mais inclusiva e representativa.

Participe desta conversa essencial sobre jornalismo, diversidade e resistência. Acesse o Youtube da Abraji neste link

Assinatura Abraji