MP pede proteção a jornalista que sofreu atentado em Olímpia
  • 11.05
  • 2021
  • 13:30
  • Abraji

Liberdade de expressão

MP pede proteção a jornalista que sofreu atentado em Olímpia

O Ministério Público de São Paulo solicitou à Vara Criminal da Comarca de Olímpia, região noroeste do Estado, uma medida protetiva em favor de José Antônio Arantes, editor e dono da Folha da Região. O sobrado onde funciona a sede do jornal e abriga a casa do jornalista foi atacado por um bombeiro há quase dois meses. O funcionário público confessou ter ateado fogo à construção por discordar da linha editorial do veículo, que defende medidas de distanciamento social durante a pandemia.

No ofício enviado no dia 05.mai.2021, o promotor Rodrigo Pereira dos Reis pediu à Justiça que o bombeiro municipal Claudio José Azevedo de Assis, conhecido como Claudio Baía, não saia de casa à noite e seja proibido de se aproximar do jornalista e da família. “A medida protetiva, se aprovada, não protege a nossa integridade física, mas é um sinal de esperança”, afirmou José Antônio Arantes. 

Com mais de 40 anos de existência, a Folha da Região é o único jornal impresso da cidade, localizada a 435 km de São Paulo. Arantes também é responsável pelo portal de notícias iFolha. Na madrugada do dia 17.mar.20, ele, a mulher e a neta foram acordados por latidos dos cachorros, assustados com as chamas e a fumaça. Os três escaparam sem ferimentos graves. 

Câmeras de segurança levaram a polícia a identificar o homem que lançou gasolina contra o imóvel. Claudio José Azevedo de Assis disse ter sofrido um surto psicótico na noite do crime e que agiu sozinho. Servidor público concursado da prefeitura, Assis responde em liberdade, é alvo de uma sindicância e pode ser exonerado. 

Marcelo Pupo de Paula, delegado titular de Olímpia, declarou que, por enquanto, não pretende pedir a prisão preventiva do bombeiro. Informou à Abraji que desde o dia 09.abr.2021 solicitou à Justiça a quebra dos sigilos telefônico, bancário, de redes sociais e aplicativos de mensagens do investigado. O juiz Eduardo Luiz de Abreu Costa, que responde pela vara criminal, ainda não autorizou a polícia a fazer uma varredura no Facebook e WhatsApp do bombeiro. “O autor do crime, nós identificamos em catorze dias. A questão agora é saber se temos outros envolvidos no planejamento, e se houve motivação política”, explicou o delegado.

Para Arantes, o ataque não foi um ato isolado ou um acesso de fúria. “Foi um golpe contra a liberdade de expressão e pode ter sido tramado por grupos negacionistas da região que queriam a abertura do comércio”.

O prefeito de Olímpia, Fernando Cunha (PSD), entrou na Justiça com uma representação criminal e pediu a prisão de Claudio Baía, alegando ter indícios de que o bombeiro planejava matá-lo por ter implementado medidas restritivas.

A Abraji procurou a defesa de Claudio José Azevedo de Assis, mas o advogado Leo Cristian Alves Bom declarou que só vai se pronunciar após a conclusão do inquérito policial.
 

Assinatura Abraji