• 18.12
  • 2012
  • 11:01
  • Marina Iemini Atoji

Mortes violentas de jornalistas atingem ápice em 2012, diz CPJ

Relatório especial divulgado hoje (18.dez.2012) pelo Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês) informa que o número de jornalistas mortos no exercício da profissão aumentou radicalmente em 2012. O aumento de assassinatos de profissionais no Brasil é citado como uma das causas desse aumento, ao lado da guerra civil na Síria, dos tiroteios na Somália e a instabilidade no Paquistão. De acordo com o CPJ, a quantidade de mortes aumentou 42% em relação a 2011.

A instituição afirma que este ano caminha para ser um dos mais letais desde 1992, quando o CPJ iniciou o acompanhamento detalhado dos casos. Até meados de dezembro de 2012, foram contabilizadas 67 mortes diretamente relacionadas ao exercício da atividade jornalística (incluindo fotografia e vídeo). Trinta casos estão sob análise para estabelecer essa relação. Em 2009, considerado o pior ano, foram 74 mortes.

Segundo o relatório, a maioria das vítimas (94%) é de jornalistas locais fazendo coberturas em seus próprios países. A contabilidade inclui os quatro profissionais assassinados no Brasil, apontado pelo CPJ como "historicamente um dos lugares mais perigosos para a imprensa". Para Mauri Konig, repórter da Gazeta do Povo e diretor da Abraji, há duas razões principais para o crescimento dos assassinatos de jornalistas no Brasil: maior número de investigações sendo feitas e impunidade para os autores dos crimes.

Konig lembra que, embora o homicídio de jornalistas seja "a mais óbvia violação da liberdade de imprensa", o país enfrenta também uma ofensiva crescente de censura judicial. "A liberdade de imprensa no Brasil está ameaçada em várias frentes", afirma.

No mundo

A Síria é apontada como o país mais letal em 2012. 28 jornalistas foram mortos durante os combates da guerra civil ou alvejados por forças do governo e da oposição; o número se aproxima do alcançado de 2006 a 2007 no Iraque (32). O CPJ chama atenção à atuação crescente de "jornalistas cidadãos", devida à restrição para entrada de profissionais de outros países e ao forte controle sobre a mídia local. Pelo menos cinco dos 13 "jornalistas cidadãos" mortos trabalhavam para a Shaam News Network, cujos vídeos são usados por várias agências internacionais.

Na Somália, o grande problema foram os assassinatos encomendados: as 12 mortes de jornalistas no país resultaram desse tipo de crime. A situação é parte do processo de transição política que o país enfrenta.

O CPJ aponta obstáculos para apurar as causas de mortes no México, em que a frequência de homicídios e ameaças a jornalistas é altíssima. De acordo com a instituição, "a falha do governo mexicano em realizar investigações básicas em muitos casos torna extremamente difícil o trabalho de determinar o motivo dos crimes".

Perfil

Mais de um terço dos profissionais mortos em 2012 trabalhava para meios on-line (em 2011, representavam apenas um quinto). Os freelancers compõem 28% dos mortos neste ano.

Houve aumento na proporção de operadores de câmera ou fotógrafos mortos: foram 35%, número consideravelmente alto em relação aos 20% que se registrava ao longo das últimas duas décadas. Frank Smyth, membro do CPJ que esteve no Brasil em julho durante o 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, alerta: "pessoas com câmeras ficam mais vulneráveis, pois buscam cobrir os tumultos - e também são alvos mais óbvios".

Leia o relatório completo do CPJ aqui

 

Assinatura Abraji