Morre Newton Carlos de Figueiredo, jornalista brasileiro que dedicou a vida à cobertura internacional
  • 30.09
  • 2019
  • 15:45
  • Natália Silva

Liberdade de expressão

Morre Newton Carlos de Figueiredo, jornalista brasileiro que dedicou a vida à cobertura internacional

O jornalista Newton Carlos de Figueiredo morreu em 30.set.2019, no Rio de Janeiro. Ele completaria 92 anos no próximo mês e dedicou boa parte de sua vida ao jornalismo, tornando-se uma referência na cobertura internacional. Newton era casado com Eliana Brazil Protásio há 34 anos, com quem teve três filhas — Cláudia, Márcia e Janaína Figueiredo, que seguiu os passos do pai e hoje trabalha no jornal O Globo.

“Papai foi um jornalista gigante”, escreveu Janaína em uma publicação feita no Twitter. “Um exemplo a seguir e a destacar por seu profissionalismo, dedicação e amor à profissão”. Newton Carlos era considerado um mestre por profissionais com carreiras igualmente excepcionais no jornalismo, como Jânio de Freitas, atual colunista da Folha de S. Paulo e Clóvis Rossi, morto em 14.jun.2019.

Figueiredo nasceu em Macaé em 19.nov.1927. Começou sua carreira no jornalismo nos anos 1940, no Correio da Manhã, trabalhou no Jornal do Brasil, colaborou com diversos veículos internacionais e, assim como Jânio e Clóvis, foi colunista da Folha de S. Paulo durante 25 anos. O jornalista também escreveu diversos livros sobre política internacional, dentre eles “América Latina dois pontos” e “Bush e a doutrina das guerras sem fim”. 

Na televisão, foi redator do Jornal da Globo, precursor do Jornal Nacional; trabalhou na TV Rio, na TV Tupi e, como repórter da TV Bandeirantes cobriu todas as eleições americanas desde 1972, e o marcante golpe de Augusto Pinochet, em 1973. Os colegas de profissão elogiavam a pesquisa meticulosa que o jornalista fazia para produzir cada reportagem: ele lia publicações estrangeiras para encontrar pontos de vistas conflitantes e consultava bibliografia especializada para dissecar os interesses políticos por trás dos temas que cobria. Por isso, era considerado não só um repórter, mas também um analista.

Rosental Calmon Alves, jornalista que trabalhou como correspondente do Jornal do Brasil em Buenos Aires e Washington, e hoje é diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, falou ao O Globo sobre como Newton Carlos redefiniu a cobertura internacional: “Ele foi uma inspiração para o meu interesse pelo noticiário internacional, com suas colunas sempre informativas e explicativas sobre os mais intrincados assuntos de política internacional. A gente lia as notícias para saber o que estava acontecendo em terras distantes, mas depois achava a explicação na coluna do Newton Carlos, que nos permitia entender o que estava acontecendo de verdade e o que significava aquele acontecimento. Primeiro, Newton Carlos era o explicador do mundo, mas depois se tornou o explicador da América Latina.”


 

Assinatura Abraji