Monitoramento aponta crescimento de ataques à imprensa no TikTok durante as eleições
  • 05.10
  • 2024
  • 17:00
  • Laysa Vitória

Acesso à Informação

Monitoramento aponta crescimento de ataques à imprensa no TikTok durante as eleições

Desde a véspera do início da campanha eleitoral de 2024, a Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor), da qual a Abraji faz parte, monitora os ataques online e offline contra a imprensa na cobertura das eleições - o acompanhamento segue até o segundo turno. Nesta semana, o quinto relatório do Monitoramento de Ataques foi divulgado e mostrou que o TikTok está se consolidando como um espaço caracterizado por ataques contra o jornalismo.

No primeiro relatório, o X foi a rede social com o maior número de ataques contra jornalistas - mais de 30 mil. Na segunda edição, o número caiu para 3.702 com o bloqueio da rede no Brasil, mas ainda assim a plataforma liderava no número de ofensas. No terceiro levantamento, o Instagram se destacou com 119 ataques. E desde o quarto relatório, com a inclusão do Tiktok no monitoramento, os dados colocam a rede no topo das mais utilizadas para hostilizar a imprensa. 

Entre 12 e 18 de setembro, foram monitorados 17 perfis no TikTok, resultando em quase 160 mil postagens analisadas e 491 ataques à imprensa. Esses dados posicionaram a rede, proporcionalmente, como a mais utilizada para hostilizar jornalistas. Em comparação, durante o mesmo período, o Instagram, que teve 50 vezes mais contas monitoradas, registrou 1.193 ataques. O relatório mais recente, referente ao período de 19 a 25 de setembro, revela dados ainda mais alarmantes: 2.885 ataques à imprensa ocorreram no TikTok, um aumento de mais de 400% em relação à semana anterior. No mesmo período, o Instagram registrou 967 ataques.

No quinto relatório, a principal causa de uma série de ataques a jornalistas e veículos de imprensa foi o soco que um integrante da campanha de Pablo Marçal (PRTB) deu no marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB) logo após a expulsão de Pablo Marçal do debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, no dia 23 de setembro. O principal alvo dessas agressões nas redes sociais foi o jornalista Carlos Tramontina, responsável por mediar o debate organizado pelo grupo Flow. No Instagram, as ofensas contra Tramontina eram frequentemente acompanhadas das hashtags #jornazista e #parcialidade.

Os veículos mais atacados online no período de 19 a 25 de setembro foram Metrópoles, seguido por UOL e G1. Folha e CNN completam o ranking em quarto e quinto lugar, respectivamente. Confira aqui o relatório com todos os dados e análises.

Grau de toxicidade

Em parceria com o ITS-Rio, a Coalizão também pesquisou o nível de toxicidade nas mensagens e comentários direcionados a jornalistas e veículos de comunicação em três redes sociais monitoradas: Instagram, TikTok e X. A análise utilizou a tecnologia de API do Google, que atribui a cada comentário um valor entre 0 e 1. Quanto maior o valor, maior a probabilidade de o comentário ser percebido como tóxico. Os modelos analisam os comentários com base em diversos atributos que refletem conceitos emocionais capazes de influenciar uma conversa. 

A análise das postagens monitoradas pela CDJor revela que, no TikTok, a média de toxicidade é de 0,39, enquanto no Instagram esse valor é de 0,22, reforçando a preocupação de que o TikTok se converta na principal plataforma de ataque à imprensa nas redes sociais. Mesmo com sua operação suspensa no Brasil e baseando-se em uma amostra residual, a média de toxicidade das postagens analisadas no X é de 0,44, superando as outras duas plataformas. Um exemplo de postagem extraído do TikTok em 25 de setembro foi classificado com um nível de toxicidade de 0,89, próximo ao máximo.

Sobre a Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor)

Os relatórios do Monitoramento de Ataques Contra a Imprensa são publicados semanalmente nas redes sociais da Coalizão e da Abraji. E ao assinar a newsletter o levantamento é enviado para seu e-mail. A Coalizão conta com a parceria do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),  para o monitoramento dos ataques digitais. 
Fazem parte da coalizão: Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Artigo 19, CPJ (Comitê para a Proteção de Jornalistas), Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas), Instituto Palavra Aberta, Instituto Vladimir Herzog, Instituto Tornavoz, Intervozes, Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação) e RSF (Repórteres Sem Fronteiras).

Assinatura Abraji