Livro-reportagem conta histórias da cultura mod na cena underground paulistana
  • 15.08
  • 2017
  • 12:13
  • Mariana Gonçalves

Formação

Livro-reportagem conta histórias da cultura mod na cena underground paulistana

Apresentado neste ano durante o 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, o livro “Nós somos os mods: a experiência de um fenômeno tipicamente britânico na cena underground paulistana”, resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do jornalista André Carmona, conta as histórias de músicos, bandas e adeptos da cultura mod na cidade de São Paulo, desde meados dos anos 80.

Subcultura importada da Inglaterra, o mod foi um movimento musical e comportamental jovem surgido no fim dos anos 1950, representado no estilo de bandas como The Who e The Small Faces. No Brasil, deu as caras trinta anos depois, e tornou-se uma importante vertente do rock underground paulistano. Para o livro, Carmona fez referência a grupos como Ira!, Faces e Fases, The Charts e Laboratório SP. O trabalho foi apresentado no fim de 2016 na FIAM-FAAM, em São Paulo. 

Foram seis meses para escrever a monografia (“Mods: um fenômeno do underground paulistano”) e outros seis para elaborar o livro. Mas Carmona conta que, na realidade, esse é um projeto que já existia há dez anos. “Faz tempo que sou obcecado pelo tema, e foi essa paixão que me fez querer escrever sobre”, diz.

Por esse motivo, Carmona já tinha em mente quem gostaria de entrevistar, e a maioria dos contatos foi fácil de se fazer. “A experiência foi incrível”, conta. “Ao passo que os contatos começaram a ser feitos, muitas histórias, algumas realmente obscuras, foram se revelando. E tudo funcionou como um quebra-cabeças.”.

Para o jornalista, a principal dificuldade em fazer o trabalho foi assumir a responsabilidade. “Não há a muleta do espaço, nem falta de liberdade quanto à linha editorial. Todas as decisões são tomadas por quem está construindo o relato”, diz. “E o jornalismo é algo muito artesanal. Quando se quer contar em detalhes, e não apenas trabalhar a notícia bruta, o processo é longo.”

A dica de Carmona para quem começa agora a pensar no TCC é “aproveitar a liberdade e espaço” que é dada nesse momento. “O mercado de jornalismo, a realidade da profissão, é bastante rígida, para não falar cruel”, diz. “Por mil razões, você nunca vai poder falar, escrever o que quiser, usando a estrutura que bem entender, na mídia que melhor convém. Por isso, a oportunidade de abordar o que mais te atrai é um presente.”

A experiência de apresentar o livro no Congresso da Abraji “foi das melhores”, continua. “Fiquei muito orgulhoso de conseguir transmitir os relatos de pessoas, bandas, projetos que moldaram meu caráter na última década.”

Atualmente, Carmona cobre cultura para o Estadão e pretende continuar seguindo a profissão em redações. Paralelamente, também planeja escrever outros livros.

Assinatura Abraji