Justiça paraguaia anula absolvição de suspeito de matar jornalista Léo Veras
  • 27.03
  • 2023
  • 17:45
  • Caê Vatiero

Liberdade de expressão

Justiça paraguaia anula absolvição de suspeito de matar jornalista Léo Veras

Foto: Reprodução/ABC Color

A Justiça Paraguaia anulou a absolvição do principal suspeito de matar o jornalista Léo Veras na sexta-feira (24.mar.2023). Waldemar Pereira Rivas, conhecido como Cachorrão, foi considerado inocente pelo Tribunal de Setença de Pedro Juan Caballero em novembro de 2022, sob a alegação de que não havia provas suficientes para condená-lo pela autoria do crime. A apelação foi apresentada pelo procurador Andrés Arriola, da Unidade Especializada de Crime Organizado, que criticou a conduta dos membros do Tribunal na resolução do caso. 

Rivas foi acusado por homicídio doloso e associação criminosa. Ele morava a poucas quadras da casa de Veras e ainda era o proprietário de um Jeep Renegade branco, que teria sido usado para transportar os três homens que estiveram na casa do jornalista na noite de sua execução. Segundo informações, Cachorrão também integra a quadrilha de traficantes do PCC que atua na fronteira do Brasil com o Paraguai.

De acordo com o portal ABC Color, Arriola considerou que não houve uma avaliação adequada no julgamento por parte dos juízes. “Eles realizaram uma pesagem limitada das provas que se afasta do sistema de crítica racional, que nas decisões contestadas predominam considerações precárias, com base em omissões, visões fragmentadas, construções forçadas e um desrespeito pela devida imparcialidade no papel de tomada de decisões jurisdicionais", afirmou.

O procurador ainda criticou a exclusão de duas provas oferecidas pelo Ministério Público. No recurso apresentado, ele diz que o Tribunal “cerceou o direito do Ministério Público, violando gravemente a liberdade de prova para a descoberta da verdade real, favorecendo assim a defesa do acusado”.

O assassinato do jornalista Léo Veras foi o terceiro caso a ser incluído no Programa Tim Lopes, desenvolvido pela Abraji, com o apoio da Open Society Foundations. Veras foi morto em 12.fev.2020, com 12 tiros, quando jantava na sala de casa com a família. O jornalista era dono do portal Porã News, que noticiava a disputa do narcotráfico na fronteira e os crimes ligados ao PCC.

Últimas atualizações do caso

O chefe do PCC na fronteira do Paraguai com o Mato Grosso do Sul, Ederson Salinas Benítez, foi morto no estacionamento de um supermercado no Bairro Las Mercedes, em Assunção, no Paraguai, em 25.fev.2023. Salinas estava envolvido nas investigações sobre a morte de Veras e foi apontado pelas autoridades paraguaias responsáveis pelo caso como um dos possíveis mandantes do crime. 

O procurador responsável pela Unidade Especializada de Crime Organizado e Narcotráfico do Paraguai e um dos investigadores no assassinato de Veras, Marcelo Pecci, foi executado na Colômbia. Ele apresentou acusação contra Waldemar Pereira Rivas, o Cachorrão, por associação criminosa e homicídio doloso à época em que Rivas estava foragido e foi detido por policiais paraguaios.
 

 

 

Assinatura Abraji