- 15.12
- 2017
- 17:15
- Mariana Gonçalves
Liberdade de expressão
Justiça do Paraná acata denúncia contra suspeito pela morte do jornalista Pablo Medina
A 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná aceitou, na última segunda-feira (11.dez.2017), uma denúncia do Ministério Público Federal do estado contra Flávio Acosta Riveros, também conhecido como Flávio Valério de Assunção. Ele é réu pelos assassinatos do jornalista paraguaio Pablo Medina Velázquez e de sua assistente, Antónia Marines Alamada.
Os dois foram mortos numa emboscada em 16.out.2014, na estrada rural que liga as cidades paraguaias de Villa Ygatimi a Colônia Ko’e Porá. Além de Flávio, participou do homicídio seu tio Wilson Acosta Marques, irmão do político paraguaio Vilmar Acosta Marques (ou “Neneco”), mandante do crime.
Segundo a denúncia, os assassinatos foram motivados por vingança. Antes do episódio, Pablo Medina havia recebido ameaças de morte por parte de Neneco, que naquele ano era candidato a prefeito em Ypejhú, no Paraguai (ele foi eleito posteriormente). O jornalista era hostilizado por seu trabalho no jornal ABC Color, um dos mais lidos do país. Em reportagens, Medina atribuía ao político vínculo com o narcotráfico na zona de fronteira entre o Paraguai e o Brasil e envolvimento em homicídios nas regiões paraguaias de Villa Ygatimi e Ypejhú.
No dia do homicídio, argumenta o MPF, Flávio e Wilson, vestindo-se como autoridades paraguaias, simularam uma blitz viária e deram ordem de parada a Pablo Medina, que voltava de carro de uma cobertura. Em seguida, os executores dispararam contra o jornalista e sua assistente, que estava no banco de carona. Atrás, estava a irmã de Antónia, Juana Chamorro. Ela não foi atingida.
A Abraji se manifestou em outubro daquele ano. Em 2014, o Paraguai foi considerado o país mais perigoso para comunicadores na América Latina, segundo o Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ). Foram três casos de assassinatos de jornalistas naquele ano (no mesmo período, o Brasil teve dois casos).
O Paraguai apresentou ao Brasil um pedido formal de cooperação jurídica e enviou informações espontâneas ao MPF, motivo pelo qual a justiça brasileira se encarregou do caso. Além disso, Flávio tem registros de nascimento no Paraguai e no Brasil, o que torna seus crimes sujeitos à lei brasileira. Em novembro deste ano, um pedido de extradição foi feito pelo réu ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas, por unanimidade, a Corte o negou.
Atualmente, Flávio está em prisão preventiva na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu, no Paraná. Wilson e Vilmar Acosta Marques respondem a ação penal no Paraguai, mas o primeiro está foragido.