• 14.08
  • 2015
  • 13:48
  • Abraji

Jornalista franco-brasileira é agredida e pode ser deportada do Equador

Na última quinta-feira (13.ago.2015), a jornalista franco-brasileira Manuela Picq, professora da Universidade São Francisco de Quito, foi detida de maneira violenta nos arredores da Igreja de la Merced, no centro de Quito, em meio a um protesto popular.

Em vídeo divulgado no site do jornal El Comercio, é possível ver Manuela sendo agredida por policiais, inclusive com golpes na cabeça. Segundo a Fundamedios, organização da sociedade civil que tem como objetivo apoiar meios de comunicação e profissionais de mídia, a jornalista permaneceu sob vigilância policial até mesmo no hospital, onde estava sendo submetida a exames médicos.

Manuela mora no Equador há mais de oito anos, e é conhecida por ser correspondente da Al Jazeera e da revista digital Upsidedownworld. Cobreprocessos de mobilização popular e já foi agredida fisicamente devido esse trabalho. O ataque mais recente aconteceu em 6 de janeiro deste ano, durante a marcha indígena organizada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) em Quito, em represália ao anúncio governamental da retirada da sede da organização.

Hoje, 14 de agosto, a Fundamedios publicou no Twitter a foto do documento que cancela do visto de Manuela e, consequentemente, resultará em sua deportação. Lena Lavinas, professora de economia da UFRJ e mãe da jornalista, disse que ainda não conseguiu falar com a filha, uma vez que a polícia equatoriana não permite que ela tenha acesso ao telefone.

Lena disse que a filha já sofreu represália policial em 2014, quando policiais entraram em sua casa ilegalmente. A professora conta que o companheiro da filha, Carlos Pérez Guartambel,  é o “maior líder indígena da oposição, que é contra o modelo extrativista vigente”, e já foi preso cerca de cinco ou seis vezes. As comunidades indígenas têm reagido à contaminação da água usada para mineração, e também à privatização da água, uma vez que não conseguem mais usá-la para plantar.

Assinatura Abraji