- 27.07
- 2020
- 18:30
- Abraji
Liberdade de expressão
Jornalista é hostilizado durante cobertura no RS
Atualizado às 11h55 do dia 28.jul.2020.
Na quarta-feira, 22.jul.2020, o jornalista Eduardo Silva, freelancer do SBT-RS, foi hostilizado enquanto gravava uma reportagem, em Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Imagens feitas pelo próprio repórter mostram o momento em que um casal tenta impedi-lo de registrar um acidente de trânsito.
Silva estava a caminho de uma pauta quando se deparou com uma colisão. Ao perceber a presença da viatura da Brigada Militar, registrou as imagens de um carro, que havia se chocado contra um muro. Nesse momento, um homem e a mulher dele, ainda não identificados, passaram a ofender o jornalista com xingamentos e palavrões.
O casal cobrava a credencial do repórter e chegou a insinuar que Silva estava no local a mando de terceiros. O jornalista mostrou, sem sucesso, a canopla do microfone com a marca do SBT.
No vídeo, o motorista alega que a gravação fere o direito de imagem do cidadão. O repórter lembrou que os dois estavam em via pública. Nas imagens, é possível escutar ofensas proferidas pelo homem, que, segundo a imprensa local, é servidor público da Fundação Federal do Rio Grande: “Não estou te agredindo verbalmente, porra nenhuma. Tu é homem ou é bicha? O que tu é? (sic)”. “Vai te f.., rapaz! Não quero saber se tu está trabalhando (sic)."
O carro da Brigada Militar que estava no local foi embora logo que as agressões ao jornalista começaram. Finalizada a reportagem, Eduardo Silva contou que se apresentou ao Comando da Brigada Militar para saber por qual motivo a equipe havia deixado o local sem prestar assistência.
O repórter afirma que preferiu não registrar um Boletim de Ocorrência. “Tive a sorte de sair ileso. Como a agressão foi somente verbal, não se configura crime”, conta o repórter que acionou a Justiça em busca de uma compensação pelos danos morais sofridos.
O presidente da Abraji, Marcelo Träsel, lamentou as tentativas de intimidação e se solidarizou com o jornalista Eduardo Silva. “Não custa lembrar que o uso de crachás não é obrigatório para o exercício da profissão e que recomendamos que repórteres registrem as ofensas e ameaças junto às autoridades”, completa.
Procurado pela Abraji, o Setor de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul declarou que os vídeos mostram parte da discussão entre o cidadão e o jornalista, mas não permitem avaliar o envolvimento dos PMs nem eventual solicitação feita a eles quanto aquela situação. De qualquer forma, como de praxe, para apurar os fatos, a Brigada Militar abriu uma sindicância na qual serão ouvidos tanto os policiais militares quanto o jornalista e os demais cidadãos presentes no local em questão.
Veja nota na íntegra:
O comando do 6º Batalhão de Polícia Militar (6º BPM), situado na cidade de Rio Grande, sempre presta total apoio ao trabalho da imprensa, inclusive cedendo informações das ocorrências depois de encerradas e convidando a imprensa para o acompanhamento de operações. Essa parceria é fruto de um trabalho histórico construído ao longos dos anos.
O 6ºBPM lamenta essa situação e informa que esse foi um fato isolado. Foi aberta sindicância para apurar o tipo de pedido que o repórter teria feito aos policiais militares, que concluíram a ocorrência de trânsito à qual foram despachados para atender e, tão logo a conclusão, se retiraram do local, retornando ao policiamento em outros pontos da cidade, visto que não havia pedido de mais ninguém para atender no acidente.