- 10.10
- 2006
- 11:10
- Observatório da Imprensa
Jornalista Anna Politkovskaya é assassinada no elevador do prédio onde morava na Rússia
“Nós nunca recebemos o artigo, mas ela tinha provas sobre estas pessoas [seqüestradas] e havia fotos”, afirmou o editor Vitaly Yerushensky em entrevista no domingo a uma rádio russa. Em entrevista recente também a uma estação de rádio, Anna havia dito que ela própria era uma testemunha em caso criminal contra o primeiro-ministro checheno Ramzan Kadyrov, cujas forças de segurança eram acusadas de capturar civis e de outros abusos de poder. “Estes são casos de seqüestros, incluindo um caso criminal que envolve pessoalmente Ramzan Kadyrov. Um seqüestro de duas pessoas, cujas fotografias estão agora em minha mesa”, afirmou a jornalista na ocasião.
Anna era uma das mais persistentes críticas à atuação das forças de segurança de Kadyrov, mas também irritou muitos poderosos na Rússia com seu corajoso jornalismo investigativo e sua defesa dos direitos humanos. “Uma coisa que vem imediatamente à cabeça é que Anna tinha muitos inimigos”, diz o diretor-executivo do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, Joel Simon.
Padrão de execuções
A execução de Anna Politkovskaya, ressalta artigo de Henry Meyer [AP, 8/10/06], pontua o perigoso ambiente no qual jornalistas trabalham na Rússia desde que o presidente Vladimir Putin chegou ao poder, em 2000, dando início a um período de repressão à liberdade de imprensa no país. A morte da repórter investigativa eleva a 13 o número de profissionais assassinados nos últimos seis anos em condições parecidas.
O presidente checheno, Alu Alkhanov, disse estar “chocado” com a morte de Anna. O ex-líder soviético Mikhail Gorbachev condenou o assassinato, classificando-o de um atentado “à toda a imprensa democrática e independente”. O governo dos EUA declarou que o país está “profundamente entristecido pelo assassinato de uma jornalista que devotou tanto de sua carreira a trazer luz aos abusos dos direitos humanos e a outras atrocidades da guerra na Chechênia”. A União Européia e a Anistia Internacional também se manifestaram, exigindo a solução do crime.
Centenas de pessoas participaram de um protesto em Moscou um dia após a morte de Anna. Colegas de trabalho da jornalista anunciaram que, paralelamente às investigações oficiais do caso, conduzirão sua própria investigação.