Jornalismo sem trégua fala das narrativas jornalísticas para pessoas trans
  • 08.11
  • 2024
  • 14:16
  • Isadora Ferreira

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Jornalismo sem trégua fala das narrativas jornalísticas para pessoas trans

Na próxima terça-feira, 12 de novembro, a Abraji promove mais uma live da série Jornalismo Sem Trégua, com a presença de Caê Vatiero, jornalista transmasculino e cofundador da Transmídia. O evento é online e gratuito, será mediado por Angelina Nunes, coordenadora do Programa Tim Lopes, e transmitido pelo Instagram da Abraji às 19h.

Fundada por Caê Vatiero e uma equipe inteiramente composta por profissionais trans e travestis, a Transmídia é o primeiro veículo de notícias do Brasil voltado a cobrir pautas relacionadas à comunidade trans.

“Jornalistas e comunicadores, desde o jornalismo, o roteiro até o audiovisual, enfrentam uma dificuldade enorme no mercado de trabalho. Nós nos deparamos com uma falta de representatividade nos espaços de trabalho, além da transfobia nas matérias feitas de forma superficial. Não há um aprofundamento necessário para falar sobre o tema que atravessa diversas editorias: saúde pública; educação; segurança pública. Nós não temos visto um jornalismo comprometido em combater a transfobia e fazer uma reparação histórica”, diz Caê Vatiero.

O jornalista explica que a Transmídia surge para preencher essa lacuna, oferecendo um espaço autêntico e de qualidade. Vatiero, que atualmente integra a equipe de Proteção e Participação Democrática da ARTIGO 19 Brasil e América do Sul, celebra o lançamento oficial do site da Transmídia, marcado para o dia 16 de novembro, em São Paulo.

Representatividade e combate à transfobia

Durante a transmissão ao vivo, Caê Vatiero e Angelina Nunes discutirão a responsabilidade social do jornalismo, além da importância da visibilidade e da reparação histórica para a comunidade trans.

“Há muitos anos nós vemos um jornalismo que contribui para as estatísticas de pessoas trans no Brasil, que é o país que mais mata pessoas trans, um país extremamente violento com esses corpos. Nós temos uma ferramenta social muito grande que é o jornalismo, mas que não está sendo utilizada para dar a visibilidade necessária para o que precisa ser dito. A Transmídia vem desse lugar, surge a partir de uma falta, de uma necessidade de conseguir construir novas narrativas feitas por pessoas trans e para pessoas trans que trabalham na área da comunicação, para que nós consigamos, de fato, nos sentir representados e fazer um trabalho de excelência”, diz Caê.

Dados do Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, publicado anualmente pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), reforçam a declaração de Vatiero ao revelar altos índices de violência contra essa população no país.

Combate à desinformação com o ChecaZap

A Transmídia realizou a cobertura das eleições municipais com o apoio do edital Énois Jornalismo, focando no impacto das fake news sobre pessoas e candidaturas trans. Além disso, criou canais de comunicação com conteúdos voltados à comunidade, incluindo o ChecaZap, um canal de checagem de fatos no WhatsApp, para ajudar a enfrentar a desinformação que afeta desproporcionalmente a comunidade trans. Durante a transmissão, Vatiero abordará como fake news intensificam ataques físicos e digitais, dificultam o avanço de políticas públicas, prejudicam o acesso ao mercado de trabalho e afetam a saúde mental da comunidade.

Segundo a Transmídia, as fake news impactam diretamente os eleitores, como no caso da campanha contra a chamada "ideologia de gênero", usada como bandeira eleitoral para propagar pânico moral e promover censura de livros em escolas. O veículo cita pesquisas como "Mercadores da dúvida, sim, eles continuam por aqui", da Unicamp, que evidenciam como grupos políticos e financeiros manipulam desinformação para atingir interesses específicos, ampliando preconceitos e gerando impactos reais sobre a vida de pessoas trans.

Lançamento oficial e celebração

Como uma prévia do lançamento oficial do site no sábado, dia 16 de novembro, a partir das 14h, em São Paulo, no Terreiro Urubatão da Guia, a live promete aquecer o público para um projeto que é mais do que jornalismo: é uma celebração de visibilidade e resistência para a comunidade trans no Brasil.

Acompanhe a live e fique ligado nas redes da Abraji para mais detalhes sobre as próximas lives e conteúdos do Jornalismo Sem Trégua.

Assinatura Abraji