• 08.11
  • 2012
  • 10:57
  • Marina Iemini Atoji

Jornalismo investigativo é chave para expor e combater a corrupção

Na manhã de ontem, na abertura da 15a. Conferência Internacional Anticorrupção (IACC, na sigla em inglês), o jornalismo independente foi apontado como uma das principais ferramentas de combate à corrupção por autoridades como a presidente Dilma Rousseff e o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU) Jorge Hage. 

Na manhã deste dia 8, um dos primeiros painéis do segundo dia de conferência foi além e especificou: o jornalismo investigativo independente é essencial para trazer à luz casos de corrupção e assim aumentar as chances de mudanças. Em uma mesa composta por quatro experientes profissionais da investigação, o debate explorou desde as ameaças às quais os jornalistas estão sujeitos até o uso de dados para fazer reportagens.

 

Ameaças

Anthony Mills, do International Press Institute, destacou a violência física e a censura judicial por meio de processos por calúnia e difamação como os dois maiores riscos à atuação de repórteres dedicados a cobrir casos de corrupção. Segundo ele, em boa parte do mundo jornalistas se tornam alvo a partir do momento em que entram nesse tema. Enquanto sua colega do IPI Galinda Sidorova afirmou que as mortes "fazem parte", Mills foi enfático ao dizer que "o assassinato é a forma mais direta de censura". Ele não deixou de destacar a situação do Brasil, cujo aumento da violência e intimidação contra profissionais da imprensa considera preocupante e um retrocesso para a liberdade de expressão.

A censura interna - baseada nos interesses comerciais dos meios - é a terceira grande ameaça ao trabalho do jornalista investigativo, de acordo com Gerardo Reyes, editor da área investigativa na Univisión e membro do Internatinal Consortium of Investigative Journalists (ICIJ). "É a forma mais frequente de censura, mas a mais impune, pois menos visível", diz Reyes.

Ele crê que essa seja uma das causas pelas quais há poucas investigações sobre a corrupção no setor privado. "Somos especialistas em divulgar a corrupção pública, mas deixamos a corrupção privada de lado", diz ele, emendando que outra causa para a pouca cobertura é despreparo dos profissionais para investigar essa área.

 

Dados revelam a corrupção

Gianina Segnini, chefe da equipe investigativa do jornal La Nación, da Costa Rica, sentiu na perna os riscos de sua atividade - em 2005, levou um tiro por causa de uma de suas investigações -, mas preferiu apresentar seu trabalho atual. O departamento que chefia no La Nación agrupa dados públicos de todos os tipos e os cruza, conseguindo muitas vezes identificar e expor casos de corrupção. Ela resume o projeto: "o faro de jornalistas investigativos aliado à tecnologia nos habilita a ir além na cobertura".

 

Mais jornalismo investigativo

Amanhã (9.nov), às 9h, outro painel colocará o jornalismo investigativo em foco, desta vez para discutir as relações entre os repórteres e fontes - especialmente os denunciantes anônimos. O evento acontece em Brasília e termina neste sábado (10).

 

Assinatura Abraji