• 28.04
  • 2015
  • 09:54
  • Knight Center

Jornalismo digital oferece desafios e oportunidades para mulheres líderes e empreendedoras

Em um mundo tradicionalmente dominado por homens, as mulheres estão quebrando barreiras no empreendedorismo. Esse foi o foco de um painel no 16º Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ), onde seis mulheres líderes em jornalismo online ao redor do mundo discutiram como estão revolucionando as mídias sociais, e também os desafios que elas encaram ao longo do processo.

Devido à demanda crescente de reportagens precisas e confiáveis, sites dedicados à checagem de fatos emergiram. Laura Zommer, diretora executiva do Chequeado na Argentina, falou no sábado, 18 de abril, em reunião do ISOJ em Austin, que sua organização procura fazer os cidadãos ficarem mais interessados e envolvidos na checagem de fatos e na coleta de dados.

“Nós queremos que a checagem de fatos cresça na América Latina”, ela disse. “Nove iniciativas em diferentes mídias da região estão fazendo isso com a nossa ajuda, ou utilizando nosso método.”

Laura Lorek é fundadora e diretora do Silicon Hills News, um site de tecnologia start-up que cobre a região das cidades de Austin e San Antonio. A organização de Lorek foi lançada em 2011 com a ajuda de um financiamento de US$ 12 mil da McCormick New Media Women Entrepreneurs, que tem como objetivo promover as habilidades empreendedoras das mulheres na mídia.

Tendo praticado jornalismo tradicional por muitos anos, um dos desafios que Lorek encara é a digitalização do mercado de notícias.

“Tem sido interessante quebrar barreiras antigas e encontrar novas maneiras de lidar com os negócios”, ela disse. “Você tem que pensar de forma criativa, tentar coisas novas e elas nem sempre funcionam.”

Adaptar-se às mudanças e encontrar os recursos para fazer isso rápido tem sido um problema para essas mulheres empresárias. Elas não só têm que construir a coisa do zero, mas também têm que fazer os contatos corretos para facilitar o processo.

Phuong Ly, diretor executivo do Institute for Justice and Journalism, disse que uma das muitas desvantagens que as mulheres têm no empreendedorismo origina-se do curto espaço de tempo em que estiveram na vanguarda.

“Eu acho que a maioria das mulheres não têm as conexões que os homens têm”, disse Ly. “Como os homens têm feito isso por mais tempo, você tem que procurar outros mentores.”

Esses obstáculos desencorajam algumas mulheres na procura de posições de liderança. Francisca Skoknic, vice-diretora do CIPER no Chile, disse que em seu pais, 60 a 70% dos estudantes universitários são mulheres, e mesmo assim, os números de mulheres líderes ainda são baixos.

“Não existem mulheres em cargos como de editoras-executivas em jornais chilenos”, ela disse. “Isso é um problema.”

A situação poderia ser diferente nos Estados Unidos; no entanto, Jennifer Brandel, fundadora e CEO da Curious Nation, disse que existem relatos bem documentados reportando que a mídia tradicional está perdendo mulheres em posições de liderança, devido ao fato de existirem oportunidades para que elas comecem suas próprias companhias.

“Estamos vendo mulheres abrirem companhias a uma taxa fenomenal dos Estados Unidos”, ela disse. “Se você não consegue mais achar seu nicho no mercado de mídia tradicional, você pode criar um em trabalhos alternativos agora.”

Enquanto algumas das painelistas alegaram que sentem que o gênero tem sido um dos maiores desafios em suas carreiras, outras deram mais importância a outros fatores.

Dulce Ramos, editora executiva da Animal Politico no México, disse que o verdadeiro desafio está no próprio trabalho.

“Eu realmente não acho que encaro desafios por causa do meu gênero”, disse Ramos. “Meu maior problema esta em achar as pessoas certas para trabalharem em uma atmosfera digital, e achar repórteres que pensem e desafiem a si mesmos em novas maneiras de se contar histórias.”

Ao refletir sobre o papel do gênero em sua carreira, Ramos relembrou as palavras de seu chefe: “Lembre-se, eu não te contratei porque você é uma mulher. Contratei porque você trabalha bem.”

Apesar dos desafios, as tendências estão mudando. De acordo com Lorek, times de startup que possuem mulheres em posições de liderença estão superando as que não possuem.

“Investidores estão procurando mulheres para assumir a liderança, porque elas estão dando resultados”, ela disse. “Meu conselho é que você deve fazer muito barulho. Você tem que fazer as pessoas prestarem atenção em você.”

Ly disse que colaboração é a chave para mulheres que procuram invadir o espaço digital das notícias como líderes.

“Eu sei quais são as minhas fraquezas, e sei quais são meus pontos fortes, e para melhorar meus pontos negativos, eu faço parcerias”

Apesar de Ly dizer que seu gênero foi um desafio em seu desenvolvimento profissional e nas oportunidades que vieram em seu caminho, no fim das contas ela acredita que o sucesso vem do trabalho duro.

“As pessoas vão olhar com você primeiro como uma mulher, e você vai ter que aceitar isso e dizer ‘eu vou trabalhar mais duro ainda e provar que estão errados.’”

O vídeo do painel do ISOJ pode ser acessado aqui.

O 16º ISOJ anual aconteceu nos dias 17 e 18 de abril, no Blantom Museum of Art, no campus da University do Texas, em Austin.

Assinatura Abraji