- 14.05
- 2021
- 19:00
- Mirella Cordeiro e Paula Neiva
Acesso à Informação
Jair Bolsonaro é a autoridade que mais bloqueia usuários no Twitter
Em abr.2021, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Congresso em Foco lançaram a campanha Bolos AntiBlock, um protesto virtual contra bloqueio de jornalistas, influenciadores e outros profissionais por autoridades públicas no Twitter. A plataforma, que monitora mais de 600 perfis de autoridades na rede social, identificou que a conta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é responsável por 20% dos bloqueios realizados.
Os mais de 500 deputados federais são responsáveis por 43% dos blocks.
Segundo dados mais recentes da iniciativa, o presidente bloqueia em média 240 vezes mais do que um deputado federal. Além disso, não foram identificados bloqueios por parte do vice-presidente Hamilton Mourão, sendo Bolsonaro o único responsável pelo percentual que corresponde a 82 bloqueios.
Os números da campanha também indicam que os jornalistas são os usuários mais bloqueados por autoridades: correspondem a 20% de todas as pessoas que testaram a plataforma. Em seguida, vêm os profissionais do direito (10%) e publicitários (8%).
De acordo com o monitoramento da campanha, o motivo que mais gera bloqueio no Twitter é fazer críticas à conduta ou administração da autoridade (15%). Manifestar opinião contrária, ironizar ato, figura pública ou apoiadores e levantar questionamento sobre a veracidade da informação divulgada estão empatados com 14%.
A iniciativa, desenvolvida pelo FCB Studio, é inspirada nas receitas de bolo publicadas nas páginas de jornais censurados no período da ditadura militar. Ao conectar o perfil do Twitter no site, a ferramenta rastreia se o usuário foi bloqueado por alguém no exercício do mandato e gera um bolo único em cryptoarte. Ao todo, foram identificados 409 bloqueios na rede social realizados por autoridades públicas.
Conheça um pouco mais sobre a campanha neste filme, inscrito no Festival de Cannes de 2021:
Censura
Para Artur Pericles Lima Monteiro, advogado e coordenador de pesquisa na área de liberdade de expressão do InternetLab, os bloqueios de Bolsonaro limitam a liberdade de expressão dos usuários.
“Quando o presidente bloqueia alguém na sua conta do Twitter, onde ele anuncia decisões importantes de sua atividade, o Estado está manifestando a rejeição de determinado ponto de vista. É uma censura ideológica do usuário”, pontua.
Não há uma definição na lei brasileira sobre bloqueios de jornalistas e outros profissionais por autoridades nas redes sociais. Veja como quatro países decidiram sobre essa questão em seus tribunais.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil