• 18.05
  • 2007
  • 15:01
  • Alexandre Facciolla – aluno de jornalismo da Cáspe

Investigar empresas privadas exige especialização, afirmam palestrantes

Os palestrantes Cida Damasco, editora do caderno de economia do Estado de S.Paulo, Ivana Moreira, correspondente do jornal Valor Econômico, e Mário César Carvalho, repórter especial da Folha, falaram sobre a investigação de empresas privadas, durante o 2º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji.

 

Cida Damasco afirmou que a cobertura de política é muitas vezes mais focada que a visão sobre as empresas privadas, porque além do político se encontrar em uma situação de maior visibilidade, há uma competição muito grande entre os veículos (e principalmente entre os diários), de “quem vai dar o próximo furo”, mesmo que ele não seja tão sólido. A investigação das empresas privadas necessita de maior preparação e pesquisa por parte do jornalista, entretanto os prazos e pautas às vezes tem menos de meio dia para apuração, o que dificulta (e muito) um entendimento ou reflexão por parte do jornalista para produzir a matéria.

 

A segunda a falar foi Ivana Moreira que contou como conseguiu boas matérias ao longo de sua carreira profissional. Sempre com exemplos divertidos de como conseguir fontes e pautas interessantes, disse que “o jornalista que não tem sorte, está perdido”. Um exemplo curioso foi um furo sobre o acidente envolvendo um avião da TAM em 1996, pois o marido da secretária de uma amiga dela era a principal fonte do caso, e com isso conseguiu as informações necessárias para aquela notícia.

 

Por último, Mário César Carvalho foi direto e específico na análise da cobertura jornalística sobre as empresas privadas no país. Ele disse que, provavelmente, o gigantesco vazio de investigações acerca das empresas privadas no Brasil, ocorre por causa da falta de conhecimento específico por parte dos próprios jornalistas que cobrem a área e, talvez, ainda por uma “herança Ibérica”, “onde aprendemos a sempre tentar culpar os meios públicos”. Para ele “não dá pra existir corrupção pública sem haver corrupção privada”.

 

Além de concordarem entre si de que há uma grande falta de especialistas na área, e de que os veículos não investem na capacitação de seus repórteres, os três palestrantes foram unânimes ao dizer que a busca para se especializar deve partir do próprio jornalista, e de que há muito comodismo entre os próprios profissionais que esquecem, ou dizem não ter tempo, de fazer o básico do “dever de casa” da apuração.

Assinatura Abraji