• 17.05
  • 2011
  • 12:49
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Investigação de cadeias produtivas será tema de workshop no 6º Congresso da Abraji

“Sou um daqueles panacas que entraram no jornalismo para mudar o mundo - e eu mantenho isso”. É assim que Leonardo Sakamoto se define. Ele irá ao 6º Congresso da Abraji compartilhar a experiência de investigação jornalística da ONG Repórter Brasil, da qual é presidente e fundador.

É colocando em prática a conhecida frase “siga o dinheiro”, do filme Todos os Homens do Presidente, que a ONG desenvolve seu jeito peculiar de combater o trabalho escravo e infantil, a exploração criminosa do meio ambiente e outros danos socioambientais no Brasil: a investigação de cadeias produtivas. Desde 2003, a Repórter Brasil já mapeou as redes comerciais de mais de 450 propriedades rurais, mostrando como grandes empresas compram e vendem produtos envolvidos em crimes sociais e ambientais sem ter conhecimento disso.

Com essa informação, vão à ponta da cadeia produtiva - o varejista que vende ao consumidor final - e cobram explicações. Com isso, trazem a responsabilidade pelos crimes tanto para os comerciantes quanto para os consumidores. Segundo Sakamoto, “trazendo mais pessoas à responsabilidade, você também traz mais pessoas à ação”.

Para isso, usa-se o bom e velho jornalismo. Na definição do próprio Leonardo Sakamoto, “é investigação jornalística, não tira nem põe, não é nada acadêmico”. Quem acha que para investigar cadeias produtivas é necessário se embrenhar na mata, largar a família e se tornar uma espécie de Indiana Jones do jornalismo está enganado. Grande parte do trabalho é feita em gabinete, estudando documentos e apurando mais de uma vez uma informação. “A melhor coisa é a conciliação da reportagem de campo com a investigação de gabinete”, afirma o jornalista.

Para Sakamoto, qualquer redação de jornalismo seria capaz de utilizar essa técnica investigativa, bastando uma chefia que confia e apoia a iniciativa, recursos mínimos (gastos com viagens) e jornalistas empolgados e informados sobre o assunto. “É claro que uma boa pitada de indignação social sempre funciona”, complementa Sakamoto.

“A ideia do curso [“Investigação de cadeias produtivas - a experiência da Repórter Brasil”] é mostrar o que é essa investigação em cadeia, o impacto que isso causa, que jornalismo é esse. Como essas ferramentas de investigação jornalística podem causar grandes impactos em estruturas econômicas”, resume. Sakamoto, que se diz avesso a regras, afirma que o principal será mostrar a lógica do processo para que cada participante seja capaz de desenvolver suas próprias ferramentas para cada situação. 

 

6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Quando: 30 de junho a 2 de julho de 2011
Onde: São Paulo - Universidade Anhembi Morumbi - campus Vila Olímpia - unidade 7 (Rua Casa do Ator, 275)
Inscrições: http://bit.ly/6congresso

 

Assinatura Abraji