• 09.12
  • 2006
  • 08:59
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INSI e Abraji promovem curso de segurança

Entre os dias 6 e 17 de novembro o International News Safety Institute (INSI) promoveu um curso de segurança para jornalistas. Em São Paulo, o treinamento contou com a parceria da Abraji e, no Rio de Janeiro, com o Sindicato dos Jornalistas. Profissionais da mídia que foram selecionados pelos veículos de rádio e televisão receberam dicas de segurança pessoal, implantação e planejamento de contingência, gerenciamento de conflito, primeiros-socorros, armas menores, roupas à prova de bala, seqüestro e estresse pós-traumas.

O programa do curso se propôs a atender às necessidades de segurança na cobertura de matérias investigativas ligadas à violência nos grandes centros urbanos. O estudo no Brasil foi feito pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Comitê de Proteção a Jornalistas, e constatou que o país se tornou, com o passar dos anos, um dos mais difíceis e perigosos países na América Latina para se fazer cobertura das notícias com segurança.

Gilberto Bergamim, do Diário de S. Paulo, participou do curso em São Paulo e um dos pontos mais importantes para ele foram os vídeos apresentados, que apontaram os erros de posição dos jornalistas nas coberturas. O treinamento para se proteger dos tiroteios e como agir quando o jornalista for vítima de um seqüestro contou com a presença de Guilherme Portanova, repórter da Globo que foi seqüestrado em agosto deste ano. Segundo Bergamim, o relato de Portanova trouxe ainda mais a realidade para o curso, porque ele “melhor do que ninguém no meio jornalístico, hoje, sabe na prática o que é ser vítima de seqüestro”.

A jornalista Cátia Toffoletto, da rádio CBN, também participante na capital paulista, conta que não sabia inicialmente como seria o treinamento e até ficou um pouco apreensiva. Mas se surpreendeu com o resultado: “As dicas de como estar sempre atenta nas situações de conflitos e manifestações, de buscar rotas de fuga antes de nos envolver diretamente na matéria e trabalhar em equipe valeram muito. Nos deram até suporte fazer um relatório e enviar aos chefes e diretores do Departamento de Jornalismo da Rádio. São técnicas muito interessantes”.

No Rio de Janeiro, o treinamento aconteceu numa favela e teve simulação de tiroteio entre policiais e traficantes. O grupo teve que correr e se esconder atrás dos barracos e uma pessoa foi escolhida para ser a vítima de uma suposta emboscada. Foram ensinadas técnicas de como preparar uma equipe antes de realizar uma reportagem em áreas de risco, utilização de equipamentos de segurança, como coletes salva-vidas e carros blindados, entre outras.

Segundo Marcelo Moreira, chefe de reportagem da TV Globo e membro do conselho consultivo da INSI, a vinda do instituto foi possível graças a um modelo inédito de parceria. “No Rio, os Sindicatos dos Jornalistas, dos Donos de Emissoras de Rádio e de Televisão e o dos donos dos Jornais e Revistas se uniram para negociar e financiar o treinamento. A segurança, interesse comum entre patrões e empregados, uniu os sindicatos quem normalmente só se sentam a mesma mesa na hora de negociar o aumento salarial”, diz Moreira.

Em outubro, o INSI organizou uma missão especial ao Brasil, não só para ter a informação de ameaças específicas enfrentadas pelos jornalistas, mas para observar com cuidado as condições de trabalho. Este procedimento foi adotado pelo INSI para embasar o treinamento em segurança de acordo com as necessidades da mídia brasileira nas duas cidades. O instituto já treinou grupos no Iraque, Palestina, Sri Lanka, Ruanda, Colômbia e Venezuela entre outros.

Assinatura Abraji