- 17.09
- 2008
- 15:36
- Abraji
Imprensa brasileira luta pouco por direito de acesso a informações públicas no país
Os meios de comunicação brasileiros não têm lutado ativamente para regulamentar a lei de direito de acesso a informações públicas no país, segundo Gregory Michener, da Universidade do Texas. Para ele, no entanto, o país ainda se sai melhor do que muitos países vizinhos.
Estudioso do acesso a informações governamentais e movimentos reformistas que procuraram assegurar e fortalecer o direito de acesso pela América, Michener realizou uma pesquisa com jornalistas e estudantes de jornalismo brasileiros para saber como eles percebem a influência de determinados fatores, como pressões governamentais e comerciais, no que vira notícia. O questionário foi aplicado aos participantes do 3º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji, em Belo Horizonte.
Michener destaca que as leis de acesso à informação provêm o direito essencial dos cidadãos de solicitar e receber informações completas de seus governos. Para o pesquisador, o suporte dos meios de comunicação representa uma condição necessária para o estabelecimento e a manutenção de leis de acesso à informação.
“Curiosamente, em alguns países o apoio da imprensa pelo acesso livre a informações governamentais é fraco ou inexistente”, relata. Ele conclui que uma das principais razões para a falta de suporte reside nos próprios meios de comunicação.
“Meios de comunicação onde a solidariedade entre os jornalistas é fraca, o profissionalismo é baixo (treinamento, salários, dedicação profissional) e independência é questionável demonstram muito menos apoio para leis de acesso”.
O pesquisador da Universidade do Texas disse ter ficado surpreso com a visão positiva dos jornalistas brasileiros sobre a prática do jornalismo no país. “Para ser honesto, profissionais da notícia, especialmente jornalistas investigativos, tendem a ser muito críticos e eu considero que houve alguns resultados muito positivos no Brasil”, pondera.
Michener, no entanto, diz que pressões do governo e interesses comerciais ainda são fortes no país e a imprensa precisa trabalhar mais duramente para reivindicar independência (direito de acesso à informação pública) e direitos profissionais (melhores salários e mais treinamento).
“Embora a imprensa brasileira tenha alguns excelentes profissionais, donos de veículos e editores precisam agir de maneira decisiva para avançar e não retardar a integridade política do país. O que significa apoiar reformas-chave como regulamentação da lei de acesso à informação”, conclui.
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