- 04.09
- 2017
- 05:11
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Formação
Liberdade de expressão
Acesso à Informação
Há 15 anos, Marcelo Beraba convidava colegas a fundar a Abraji
Em 4 de setembro de 2002, às 14h28, Marcelo Beraba deu o pontapé inicial para o que viria a ser a Abraji. Um e-mail enviado poucos meses após a morte do jornalista Tim Lopes convidava mais de 40 repórteres e editores a se unirem em torno de uma associação profissional.
Passados quinze anos, o e-mail ganha valor histórico: as ações da Abraji seguem fiéis aos ideais presentes no momento de sua criação: formação profissional, defesa da liberdade de expressão e do direito de acesso a informações públicas.
Marcelo Beraba gravou em vídeo um depoimento lembrando o contexto da fundação da Abraji e apontando os desafios que a organização ainda tem pela frente. Logo abaixo, você encontra o texto original do e-mail de 4 de setembro de 2002.
Caríssimos,
Como devem saber, foi realizado no Rio, no último sábado, o seminário "Jornalismo Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos", organizado pelo Knight Center for Journalism in the Americas, que é dirigido pelo nosso Rosental. O seminário foi muito bom e, entre outras considerações, mais uma vez vários de nós que participávamos voltamos a nos perguntar por que não temos ainda no Brasil uma instituição parecida com o IRE (Investigative Reporters & Editors - www.ire.org), criado pelos jornalistas dos Estados Unidos, ou o Centro de Periodismo de Investigación (http://investigacion.org.mx), de nossos colegas mexicanos.
Uma instituição formada e mantida por jornalistas, independente dos jornais e das entidades de classe (sindicatos, Fenaj e ANJ), voltada para a troca de informações entre nós, para a formação e a reciclagem profissional, para o aprofundamento dos conhecimentos e uso de ferramentas na área do jornalismo investigativo, para a formação de uma literatura e banco de dados, para a promoção de seminários, congressos e oficinas de aperfeiçoamento profissional.
Uma entidade que pudesse fazer parcerias com os jornais, as TVs e as rádios, as entidades de classe, mas que fosse voltada principalmente para o trabalho de crescimento profissional dos jornalistas. Não seria uma entidade contra nada e nem contra ninguém, mas a favor da melhoria profissional, o que significa um respeito à sociedade que nos cobra um jornalismo de qualidade. É possível que uma entidade desta, a médio ou longo prazo, possa ajudar a criar alternativas de mercado no Brasil, é possível.
Bom, digo isto tudo porque senti uma disposição grande do David Kaplan, coordenador de treinamento internacional do IRE que participou do encontro no Rio, e do Rosental, da Knight, de ajudarem no pontapé inicial de uma iniciativa desta natureza. Vários de vocês já participaram de cursos ou congressos do IRE. E vários de nós temos conversado sobre este assunto. Daí esta mensagem.
A minha idéia é a gente jogar um pouco de conversa fora sobre este assunto, agregar mais jornalistas (repórteres e editores que tenham interesse) a esta lista e amadurecer um projeto que pode sair logo, pode demorar um pouco ou pode nem sair, se a gente não sentir firmeza. Mas acho que o assassinato do Tim Lopes ajuda a criar uma situação favorável.
É isso.
Abraços, Marcelo Beraba