• 23.11
  • 2015
  • 13:47
  • Centro Knight para o Jornalismo nas Américas

GlobalGirl Media inaugura novo projeto no Brasil, oferecendo oficinas de técnicas jornalísticas e empoderando garotas

O GlobalGirl Media (GGM), uma organização americana dedicada ao empoderamento de jovens mulhers através da mídia, está angariando fundos para uma nova iniciativa em São Paulo. O programa centra-se nas relações entre sexualidade e tecnologia, e pretende fornecer um canal para mulheres expressarem sua opinião através do jornalismo e outras mídias.

“Aqui no Brasil, nós não temos muitas mulheres que estão se tornando diretoras ou jornalistas, especialmente das regiões periféricas, e [GGM] é uma oportunidade para tornar esse espaço acessível”, disse Betty Martins, diretora de programas da GGM Brasil.

Apesar de ainda se encontrar em estágios primários, o projeto oferecerá a 10 garotas, entre 15 e 17 anos, treinamento em jornalismo e mídias audiovisuais durante um programa inicial de 3 meses. As meninas serão selecionas em escolas públicas da periferia de São Paulo de acordo com seus potenciais de contribuição com um time de diversos interesses.

Ao final do programa, as meninas deverão produzir um pequeno mini-documentário. Martins espera que as ferramentas, treinamento e espaço oferecido tragam mais garotas ao programa, e se a iniciativa se mostrar bem sucedida, ela irá se espalhar para outras áreas da América Latina.

“Nós estamos dando a elas um treinamento inicial, mas a ideia é que a GGM se estabeleça totalmente aqui, assim as garotas poderão continuar produzindo material e discutindo questões que elas achem necessárias serem discutidas”, disse Martin. “Isso será distribuído às nossas parceiras midiáticas e nós queremos que o debate vá além do que apenas o projeto.”

A GGM firmou parceria com quatro organizações brasileiras locais com experiência em gestão de projetos semelhantes para fornecer patrocínio e treinamento, de acordo com Martins.

Énois, a primeira escola de jornalismo jovem e gratuita do Brasil, vai fornecer ao projeto uma sede para os workshops técnicos, assim como as instruções e equipamentos necessários. ECOS, ONG de direitos sexuais e reprodutivos, oferecerá patrocínio e experiência em educação sexual. Instituto Quero e Nós são as outras duas empresas parceiras, proporcionando mais instrução na produção de documentários, oficinas de alfabetização midiática e análise crítica da mídia.

“Nós pegamos diferentes organizações porque queríamos que as garotas tivessem workshops de jornalismo e mídia, mas também para que conhecessem mulheres interessantes que as ajudariam a desconstruir o que significa ser uma mulher na sociedade em que vivemos”, disse Martins. “Não é apenas sobre treinamento, nós queremos que elas conheçam novas ideias.”

De acordo com Martins, as jovens garotas brasileiras precisam adquirir um entendimento melhor sobre seus lugares dentro da cultura, seus direitos e os riscos que correm - especialmente quando lidam com tecnologia. Ela disse que problemas como cyber bullying ou vingança digital - por exemplo quando um namorado posta fotos nuas de sua namorada na internet - não têm a devida importância em escolas, ou na sociedade de modo geral.

“Mulheres e meninas devem saber que podem explorar suas sexualidades; não é culpa delas se um homem cometer um abuso…. que suas fotografias podem acabar na internet porque um ex-namorado as postou.”, Martins disse. “Ao dizer ´não use seu celular para explorar sua sexualidade, ou seja cuidadosa´, você não está realmente lidando com questões mais profundas, como a violência de gênero e sexualidade.”

Assinatura Abraji