• 28.03
  • 2014
  • 12:55
  • Abraji

Gazeta do Povo devassa contrabando de cigarro em reportagem especial

O jornal curitibano Gazeta do Povo publicou, no domingo (23.mar.2014), a reportagem especial "Império das Cinzas", sobre o contrabando de cigarros produzidos no Paraguai.

O trabalho é resultado da cooperação de repórteres brasileiros, colombiana e costarricense, reunidos em agosto de 2013 por iniciativa do Instituto Prensa Y Sociedad, do Peru. 

O repórter especial da Gazeta do Povo e diretor da Abraji Mauri König, responsável pela maior parte da cobertura, relata, abaixo, os bastidores da reportagem, publicada em caderno especial com oito páginas e disponível no site http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/especial-imperio-das-cinzas/.

"O trabalho foi uma proposta do Instituto Prensa y Sociedad, que em agosto de 2013 reuniu jornalistas de sete países para cobrir o tema do contrabando de cigarro. Nem todos esses jornalistas levaram a investigação adiante.

Por fim, restamos nós [equipe da Gazeta do Povo] do Brasil, a Martha Soto, da Colômbia, e o Ronny Rojas, da Costa Rica.

Buscamos mapear as exportações de cigarro que saem legalmente do Paraguai para vários países. Assim, descobrimos que as tabacaleras paraguaias fazem uma triangulação com o Panamá e Curaçao para, ainda nas zonas aduaneiras desses países, desviar o produto para toda a América Latina.

No curso da investigação, descobrimos nove rotas que saem do Paraguai para inundar a América Latina com cigarro pirata. Seis dessas rotas fazem essa triangulação e outras três fazem o contrabando direto: Paraguai-Brasil, Paraguai-Argentina e Paraguai-Bolívia.

Percorri a fronteira do Paraná e parte da fronteira do Mato Grosso do Sul para registrar em fotos e vídeos como se dá o contrabando. Isso resultou num documentário de 30 minutos disponível no site da Gazeta do Povo.

Cruzamos dados da Receita Federal com as marcas de cigarro produzidas no Paraguai e identificamos 11 tabacaleras que têm seus cigarros enviados via contrabando para o Brasil. Descobrimos, assim, que o maior beneficiado com o contrabando é o presidente do Paraguai, Horacio Cartes. Das 11 marcas que a fábrica dele produz, a Tabacalera del Este (Tabesa), cinco são contrabandeadas para o Brasil. Essas cinco marcas respondem por 49% de todo o cigarro paraguaio apreendido no Brasil.

Ao longo da apuração, fui descobrindo que o cigarro pirata do Paraguai estava avançando sobre os negócios do narcotráfico. Único meio de fazer algum tipo de comparação, as apreensões feitas no Brasil mostram uma tendência de alta do cigarro bem maior do que a maconha e cocaína no Paraná e Mato Grosso do Sul, únicos estados a fazerem fronteira com o Paraguai."

Assinatura Abraji