• 20.07
  • 2005
  • 19:18
  • Thiago

Funcionários de jornal mexicano são desalojados de seus escritórios

DO COMITÊ PARA PROTEÇÃO DOS JORNALISTAS (CPJ)

Nova York, 19 de julho de 2005 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está indignado com o violento despejo de 31 funcionários do matutino Noticias de Oaxaca. Os trabalhadores estavam presos nas instalações do diário há mais de um mês, após um bloqueio organizado por militantes de um sindicato pró-governamental.

De acordo com a imprensa local, por volta das 20h00 de segunda-feira (18), dezenas de pessoas invadiram os escritórios do diário, retiraram a força os jornalistas e outros trabalhadores do jornal, e destruíram computadores e móveis. Raciel Martínez, jornalista do Noticias, disse ao CPJ que alguns indivíduos estavam encapuzados e carregavam paus, garrafas e barras metálicas. Alguns empregados sofreram contusões, informou o jornalista, mas ninguém foi gravemente ferido.

Os agressores chegaram ao diário com funcionários da Procuradoria Geral do Estado de Oaxaca, segundo indicou Noticias. A polícia, presente durante o desalojamento, não interveio, informou o matutino Reforma, da Cidade do México.

Héctor Pablo Ramírez Puga Leyba, Coordenador Geral de Comunicação Social do governo de Oaxaca, afirmou ao CPJ que o conflito é uma disputa trabalhista e insistiu que o governador Ulises Ruiz Ortiz não intervirá.

O diário continua sendo publicado em uma gráfica de uma cidade vizinha. O Noticias denunciou que a polícia confiscou exemplares do jornal e agrediu seus vendedores.

Integrantes da Confederação Revolucionária de Trabalhadores e Camponeses (CROC - Confederación Revolucionaria de Obreros y Campesinos), sindicato vinculado ao partido do governo, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), haviam se reunido nas imediações do Noticias em 17 de junho, bloqueando o acesso às instalações. Os funcionários do Noticias não puderam abandonar o edifício.

Os simpatizantes do sindicato afirmavam estar em greve para reclamar um aumento salarial. Os funcionários do Noticias entrevistados pelo CPJ afirmaram que os manifestantes não tinham vínculo com o diário, que a equipe do Noticias se opunha à "greve", e que o bloqueio foi uma tentativa de suprimir a publicação do matutino.

Octavio Vélez, jornalista do Noticias, disse que a eletricidade e as linhas telefônicas do edifício foram cortadas em 19 de junho, e a energia não foi restaurada até o dia seguinte. O jornalista sustentou que a multidão que rodeava o edifício não permitia a distribuição de alimentos. Os empregados comeram o que havia na lanchonete do jornal e, como resultado, alguns tiveram problemas gastrintestinais.

Segundo Pedro Matías, correspondente da revista Processo, com sede na Cidade do México, o Noticias tem sido muito crítico com as autoridades estaduais de Oaxaca e por essa razão, existe essa perseguição contra ele.

No sábado, 16 de julho, o presidente mexicano Vicente Fox expressou preocupação com a situação e prometeu que visitaria Oaxaca para reunir-se com as partes em conflito.

Em 30 de junho, o CPJ enviou uma carta ao governador Ulises Ruiz Ortiz e expressou preocupação com a integridade física dos funcionários do Noticias, e instou as autoridades a pôr fim ao bloqueio. Para ler a carta, em espanhol, acesse: http://www.cpj.org/protests/05ltrs/Mexico30june05pl_Sp.html

"Acreditamos que este último episódio de violência teve o objetivo de intimidar o Noticias e calar a cobertura crítica sobre o governo de Oaxaca", afirmou a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. "Instamos o imediato fim da perseguição contra o diário para que nossos colegas possam retomar seu trabalho normalmente".
Assinatura Abraji