Fotojornalista é agredido durante cobertura de assassinato no Pará
  • 17.03
  • 2021
  • 17:55
  • Abraji

Liberdade de expressão

Fotojornalista é agredido durante cobertura de assassinato no Pará

Na manhã de segunda-feira (15.mar.2021), um fotojornalista do jornal paraense O Liberal foi agredido por dois homens e teve sua máquina fotográfica danificada no momento em que fazia a cobertura de um caso de assassinato, em Icoaraci, região metropolitana de Belém. 

Akira Onuma aguardava a saída do corpo de um vigia vítima de homicídio dentro da escola pública na qual trabalhava. À Abraji, o repórter fotográfico contou que registrava as imagens do local quando foi surpreendido por um dos agressores, que o impediu de fotografar a remoção do corpo - já coberto - por peritos.

“O homem saiu enlouquecido da escola e veio para cima de mim. Me chutou, me empurrou e tirou a máquina fotográfica da minha mão. Não consegui me defender, porque estava com uma mão ocupada fotografando. Depois veio outro homem que também me empurrou, impedindo que eu recuperasse o equipamento” - relatou Onuma.

Parte da agressão foi gravada por um cinegrafista de uma emissora de TV que também cobria o crime. A máquina fotográfica foi levada para dentro da escola e atirada ao chão. Assista:

Segundo Onuma, um dos agressores havia se identificado como parente do vigilante assassinado. Depois, como enteado e, em seguida, como advogado da vítima. As autoridades locais ainda não confirmaram publicamente a identidade de nenhum dos envolvidos. 

Akira Onuma registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Icoaraci por agressão física e danos materiais. Peritos relataram à DP que o mesmo homem os desacatou e tentou agredi-los fisicamente.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social declarou ao jornal que apura a agressão, mas, “quanto aos danos materiais relatados pela equipe, o caso configura-se como ação privada e precisa ser representado criminalmente pela vítima, para procedimentos”.

O Grupo Liberal informou que está tomando as providências cabíveis e que “se solidariza com a dor dos familiares da vítima de homicídio, mas repudia atos de violência contra a legítima e necessária atividade profissional de jornalistas”.

De acordo com a assessora jurídica da Abraji, Letícia Kleim, “a destruição ou confisco de equipamentos de jornalistas durante uma cobertura configura ação violenta com o intuito de obstaculizar o trabalho da imprensa e prejudicar o acesso à informação pública, de interesse da população”.

Com o episódio no Pará, a Abraji relatou cinco casos ataques à imprensa desde o último fim de semana. Nesta quarta-feira, 17.mar.2021, em Olímpia, interior de São Paulo, um homem lançou gasolina e ateou fogo contra um jornal e a casa do dono do veículo. A polícia investiga se o incêndio criminoso foi uma resposta à posição editorial do grupo, que diz ter sofrido ameaças por defender medidas de distanciamento social para conter o avanço da pandemia.

Foto: Reprodução
 

Assinatura Abraji