- 31.05
- 2005
- 14:14
- MarceloSoares
Ex-diretor do FBI era o Garganta Profunda, confirmam Woodward e Bernstein
Um dos segredos mais bem-guardados da história do jornalismo caiu por terra na tarde de hoje, 31 de maio de 2005. W.Mark Felt, segundo em comando no FBI durante o governo Nixon, afirmou à revista Vanity Fair que ele seria o "Garganta Profunda", a fonte que deu a Bob Woodward e Carl Bernstein as informações que guiaram sua apuração no caso que acabou por levar Nixon à renúncia, em 1974. O jornal Washington Post confirmou a informação, com base em depoimentos dos dois repórteres e do ex-editor executivo Ben Bradlee.
A revelação ocorre num período de suspeita generalizada, nos EUA, em relação ao uso de fontes anônimas. Nas últimas semanas, diversos jornais dos Estados Unidos divulgaram políticas internas de redução do uso dessas fontes. A revelação também ocorreu no mesmo dia em que os advogados-gerais de 34 Estados americanos apoiaram a decisão dos repórteres Judith Miller, do New York Times, e Matthew Cooper, da revista Time, de manter o sigilo sobre as fontes que lhes haviam revelado a identidade da agente clandestina da CIA Valerie Plame.
Felt, hoje com 91 anos, teria escondido o segredo até de sua família até 2002. Por diversas vezes, ele foi apontado como a fonte dos repórteres do Washington Post, mas negava. A mais recente e marcante ocorreu em 1999, quando o jornal Hartford Courant entrevistou um adolescente que teria ouvido do filho de Bernstein, em um acampamento, que Felt era a fonte. Também naquele ano, o fato de Woodward ter almoçado com o ex-diretor do FBI levantou suspeitas sobre ele.
A reportagem foi escrita pelo advogado John D.O´Connor, pai de uma colega do neto de Felt, a quem o ex-diretor adjunto do FBI teria dito: "Eu sou o cara que eles costumavam chamar de Garganta Profunda". Segundo o relato de O´Connor, Felt teria colaborado com os repórteres por sentir que a reputação do FBI estaria em perigo com as movimentações clandestinas de Nixon. A revelação teria sido feita a pedido da família, para que ele pudesse contar sua versão da história antes de morrer.
Outra motivação expressa no texto da Vanity Fair é a esperança de que o fato gere recursos para a família terminar de pagar os estudos dos netos de Felt. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal estimam que o contrato para um possível livro contando a história do "Garganta Profunda" em detalhes poderia render um adiantamento de até US$ 1 milhão. Em nota oficial, a família o classifica como "um grande herói americano, que fez muito mais do que era seu dever e arriscou a si próprio para salvar seu país de uma horrível injustiça".
O Washington Post, onde Woodward ainda trabalha, confirmou a informação algumas horas depois da divulgação, no início da noite de terça, depois de consultar os jornalistas envolvidos. Nesta quinta-feira, Woodward publicará no Post um longo artigo contando a história de seu relacionamento com o "Garganta Profunda".
Bernstein, que é um dos colaboradores da Vanity Fair, inicialmente recusou-se a confirmar se Felt era ou não a fonte. "Sempre dissemos que, quando a fonte conhecida como Garganta Profunda morrer, revelaremos sua identidade e explicaremos em detalhes nossas negociações com esse indivíduo e o contexto de nosso relacionamento", afirmou Bernstein ao site MSNBC. Quando os dois venderam à biblioteca da Universidade do Texas em Austin todas as anotações e documentos que reuniram ao longo da apuração do caso, tiveram o cuidado de ocultar aquelas que possivelmente identificassem a fonte.
Diversas tentativas de descobrir a identidade do Garganta Profunda foram feitas nas últimas três décadas, e alguns livros sobre o assunto foram escritos. Em 2003, uma análise informatizada das possíveis fontes das informações publicadas em off pelos repórteres, feita por estudantes da Universidade de Illinois, apontou Fred Fielding, ex-assessor de Nixon, como a possível fonte.
Segundo o livro "Todos os Homens do Presidente", o apelido da fonte foi dado por Bradlee, em homenagem ao filme pornográfico homônimo e em referência ao fato de Felt falar aos jornalistas em condição de "deep background" - ou seja, off completo, apenas confirmando ou refutando informações.
A revelação ocorre num período de suspeita generalizada, nos EUA, em relação ao uso de fontes anônimas. Nas últimas semanas, diversos jornais dos Estados Unidos divulgaram políticas internas de redução do uso dessas fontes. A revelação também ocorreu no mesmo dia em que os advogados-gerais de 34 Estados americanos apoiaram a decisão dos repórteres Judith Miller, do New York Times, e Matthew Cooper, da revista Time, de manter o sigilo sobre as fontes que lhes haviam revelado a identidade da agente clandestina da CIA Valerie Plame.
Felt, hoje com 91 anos, teria escondido o segredo até de sua família até 2002. Por diversas vezes, ele foi apontado como a fonte dos repórteres do Washington Post, mas negava. A mais recente e marcante ocorreu em 1999, quando o jornal Hartford Courant entrevistou um adolescente que teria ouvido do filho de Bernstein, em um acampamento, que Felt era a fonte. Também naquele ano, o fato de Woodward ter almoçado com o ex-diretor do FBI levantou suspeitas sobre ele.
A reportagem foi escrita pelo advogado John D.O´Connor, pai de uma colega do neto de Felt, a quem o ex-diretor adjunto do FBI teria dito: "Eu sou o cara que eles costumavam chamar de Garganta Profunda". Segundo o relato de O´Connor, Felt teria colaborado com os repórteres por sentir que a reputação do FBI estaria em perigo com as movimentações clandestinas de Nixon. A revelação teria sido feita a pedido da família, para que ele pudesse contar sua versão da história antes de morrer.
Outra motivação expressa no texto da Vanity Fair é a esperança de que o fato gere recursos para a família terminar de pagar os estudos dos netos de Felt. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal estimam que o contrato para um possível livro contando a história do "Garganta Profunda" em detalhes poderia render um adiantamento de até US$ 1 milhão. Em nota oficial, a família o classifica como "um grande herói americano, que fez muito mais do que era seu dever e arriscou a si próprio para salvar seu país de uma horrível injustiça".
O Washington Post, onde Woodward ainda trabalha, confirmou a informação algumas horas depois da divulgação, no início da noite de terça, depois de consultar os jornalistas envolvidos. Nesta quinta-feira, Woodward publicará no Post um longo artigo contando a história de seu relacionamento com o "Garganta Profunda".
Bernstein, que é um dos colaboradores da Vanity Fair, inicialmente recusou-se a confirmar se Felt era ou não a fonte. "Sempre dissemos que, quando a fonte conhecida como Garganta Profunda morrer, revelaremos sua identidade e explicaremos em detalhes nossas negociações com esse indivíduo e o contexto de nosso relacionamento", afirmou Bernstein ao site MSNBC. Quando os dois venderam à biblioteca da Universidade do Texas em Austin todas as anotações e documentos que reuniram ao longo da apuração do caso, tiveram o cuidado de ocultar aquelas que possivelmente identificassem a fonte.
Diversas tentativas de descobrir a identidade do Garganta Profunda foram feitas nas últimas três décadas, e alguns livros sobre o assunto foram escritos. Em 2003, uma análise informatizada das possíveis fontes das informações publicadas em off pelos repórteres, feita por estudantes da Universidade de Illinois, apontou Fred Fielding, ex-assessor de Nixon, como a possível fonte.
Segundo o livro "Todos os Homens do Presidente", o apelido da fonte foi dado por Bradlee, em homenagem ao filme pornográfico homônimo e em referência ao fato de Felt falar aos jornalistas em condição de "deep background" - ou seja, off completo, apenas confirmando ou refutando informações.