• 22.08
  • 2012
  • 16:00
  • Karin Salomao

Eugênio Bucci recebe prêmio da SIP por artigo sobre censura e jornalismo

O artigo “O Desejo de Censura” de Eugênio Bucci, jornalista e professor da ECA-USP, foi escolhido para receber o prêmio “Excelência Jornalística” da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria Opinião. O artigo foi publicado em junho de 2011 como parte do caderno especial “Dois Anos de Mordaça”, no jornal O Estado de S.Paulo. Eugênio Bucci receberá o prêmio durante a 68ª Assembleia Geral da SIP, de 12 a 16 de outubro, em São Paulo.

Outros veículos de comunicação brasileiros também receberam o prêmio, entre eles, o jornal O Dia, na categoria “Cobertura Noticiosa”, e a Folha de S. Paulo, na categoria especial “Relações Interamericanas Pedro Joaquín Chamorro”. Cada ganhador receberá US$ 2 mil, uma placa e um diploma. Serão contemplados 12 trabalhos.

O especial de Bucci abordava a censura judicial sofrida pelo Estado desde agosto de 2009. Em nota, a SIP afirmou que o texto "defende o direito à liberdade de expressão e de imprensa, com base no manejo de categorias jurídico-políticas e conceitos éticos e disseca, com profundidade e estilo fluido, os argumentos pró-censura com base no caso concreto de Fernando Sarney”.

Para o professor, o fato de a censura perdurar por dois anos é uma violência: “não deveríamos nos dobrar a isso. A censura judicial é uma violência injustificada, que nos aprisiona ao atraso. Não por acaso, ela quase sempre atende a reclamações de políticos ou de parentes de políticos. É uma violência a serviço do poder”.

Apesar de ter sido publicado há um ano, para o professor o artigo é atemporal. “O assunto está eternamente em pauta no Brasil. Toca na nossa cultura”, diz ele, em entrevista à Abraji. “É um tema atual e necessário”. Segundo o artigo, a ideia de que há alguém ou algum poder vigiando a imprensa dá a sensação de conforto e segurança aos cidadãos. Essa cultura remete a antes do aparecimento do primeiro jornal no país: aqui, a censura chegou antes da imprensa.

O artigo gira em torno das relações entre a imprensa e o poder e das constantes tensões entre as duas esferas. “Mas a relação ideal não existe em país algum. A relação é tensa e deve ser tensa, porque então o jornalismo está cumprindo o seu papel”.

O professor comenta que a censura judicial também é uma tentativa de o Estado controlar o que a sociedade irá discutir. Esse papel, porém, não cabe ao governo ou aos políticos, diz ele. “Democracia é a sociedade ter a primazia sobre o debate público. E o Estado precisa reconhecer isso e abrir mão de dizer o que será discutido pela sociedade”.

Assinatura Abraji