- 31.08
- 2011
- 10:39
- FERNANDA ODILLA, CAROLINA SARRES e RUBENS VALENTE
EUA elogiam o Itamaraty pela liberação de documentos à Folha
Reportagem publicada em 30.ago.2011 na Folha de S. Paulo
A Embaixada dos EUA em Brasília afirmou ontem, por meio da assessoria, que os telegramas confidenciais do Itamaraty que revelam pontos de tensão entre brasileiros e norte-americanos são "um assunto brasileiro".
A Folha começou a divulgar no último domingo, pela "Folha Transparência", da Folha.com, 10.883 páginas de telegramas confidenciais do período 1990-2001 liberados pelo Itamaraty a pedido da reportagem.
Os telegramas revelaram, dentre outros assuntos, que a Embaixada do Brasil em Washington foi alvo de um grampo telefônico em 2001 e que malas diplomáticas foram violadas em Miami.
A Embaixada dos EUA em Brasília informou que não discute "comunicações internas de outros países" e elogiou a iniciativa da diplomacia brasileira.
Em nota, o Itamaraty informou que "a orientação é, seguindo a legislação sobre o assunto, dar a maior transparência possível aos documentos gerados pelo ministério e à politica externa". O ministério preferiu não comentar o conteúdo dos telegramas.
Carlos Fico, professor de história da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), disse ser essencial "que instituições públicas não governamentais, como os grandes jornais, mostrem que a divulgação de informações outrora sigilosas não põe em risco a segurança das instituições."
Amado Cervo, professor de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília), elogiou a iniciativa da Folha e criticou o Congresso Nacional, ao afirmar que os parlamentares "se recusam a estabelecer normas claras para a abertura de documentos e arquivos classificados".
Professor do IRBr (Instituto Rio Branco) e da UnB (Universidade de Brasília), Francisco Doratiotto, declarou que a abertura de documentos feita pela Folha é útil para desmistificar o tema. "Nenhum dos países da nossa região permitiria o acesso a informações confidenciais tão recentes. Isso significa modernidade. Com uma nova lei, haveria pouca margem à arbitrariedade do poder público para decidir quais informações poderiam ir ao conhecimento da sociedade".