- 02.09
- 2019
- 10:30
- Natália Silva
Acesso à Informação
Estudo usa dados para explicar ideologia de gênero no país
A organização de mídia Gênero e Número lançou na última semana (27.ago.2019) o especial “Reino Sagrado da Desinformação” que explica o fenômeno da ideologia de gênero no Brasil por meio do jornalismo de dados, de pesquisa aplicada e análise de rede. As informações foram compiladas em uma grande narrativa, dividida em sete reportagens e uma entrevista com a filósofa Judith Butler.
Giulliana Bianconi, fundadora da Gênero e Número, afirma que o foco do projeto é ir além do debate sobre haver ou não uma ideologia de gênero. “O ponto é entender como esse discurso veio à tona e de que forma ele convence”, diz. “Muitas pessoas enxergam esse assunto como uma loucura, mas é necessário explicá-lo, porque foi não dando atenção a ele que muita gente se surpreendeu quando a ideologia de gênero se mostrou tão relevante no discurso político.”
As reportagens são divididas por regiões do país. O primeiro capítulo da série, “A palavra”, introduz as descobertas feitas a partir da análise de rede: “as palavras ‘mulher’, ‘criança’ e ‘escola’ são as mais citadas entre as que compõem o universo das palavras-chave identificadas pela Gênero e Número nos discursos que promovem a ‘ideologia de gênero’”.
Bianconi explica que, para realizar a pesquisa, a equipe mapeou primeiro os principais atores por trás do discurso da ideologia de gênero e, entre eles, quais tinham uma conta no Twitter. “Fizemos uma análise de discurso em um período de cinco meses.” Os principais personagens da narrativa estão reunidos em uma seção dentro do especial.
A reportagem seguinte conta a história da Assembleia de Deus, fundada em Belém (PA), que é hoje a maior denominação religiosa do país, com 12,3 milhões de fiéis. As igrejas católicas e, em seguida, as pentecostais, foram grandes disseminadoras da ideia de que há uma ideologia de gênero corroendo os valores que sustentam a família. “Esse discurso não surgiu na política e não teria a força que tem se fosse apenas um discurso político”, reforça Bianconi.
As reportagens, assim como a metodologia e os gráficos que reúnem as informações obtidas na análise de rede, estão disponíveis no site do especial. A base de dados construída pela Gênero e Número é aberta. Para ter acesso às informações, basta entrar em contato com a organização: [email protected]