
- 09.04
- 2025
- 11:25
- Laura Toyama
Formação
Esquenta do Congresso no Rio fala sobre segurança pública, ferramentas para apuração e livro que inspirou o filme ‘Vitória’
Na sexta-feira, 4 de abril, jornalistas, estudantes e profissionais da comunicação se reuniram na ESPM-Rio para mesas e oficinas do Esquenta do 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. O evento, feito em parceria com a ESPM-Rio e o Jusbrasil, foi uma prévia das atividades do Congresso da Abraji, que acontece de 10 a 13 de julho de 2025, em São Paulo. Esta é a terceira edição do Esquenta, que já foi sediado em Belo Horizonte e Salvador. Todas as mesas foram transmitidas e a gravação completa pode ser acessada neste link.
A abertura do evento contou com falas de representantes das três organizações, incluindo a presidente da Abraji, Katia Brembatti, que ressaltou a importância da parceria e de levar uma prévia do Congresso para outras cidades do país, antes do evento oficial. Em seguida, ela ministrou uma oficina sobre o Cruzagrafos, ferramenta da Abraji para reportagens investigativas nas quais é necessário cruzar informações sobre empresas, organizações e pessoas.
A oficina sobre uso da Lei de Acesso à Informação (LAI), também foi ministrada por Katia, em parceria com a vice-presidente da Abraji, Maiá Menezes. Além de instruções de como realizar um pedido, foram indicadas ferramentas como o Achados e Pedidos, que armazena pedidos de LAI já feitos anteriormente e modelos prontos para pedir informações específicas para órgãos públicos.
Na sessão seguinte, Victor Jacó Lopes, da Jusbrasil, apresentou a ferramenta e os principais usos de dados jurídicos por jornalistas. Com exemplos práticos, ele demonstrou como as informações contidas na plataforma do Jusbrasil podem ser fundamentais para reportagens investigativas, e facilitar o momento da apuração com seus recursos de busca e banco de dados. Ele também trouxe números sobre o interesse nas ferramentas: em 2024, eram 240 jornalistas ativos na plataforma e em 2025 esse número já corresponde a 368. Para os jornalistas associados à Abraji, o uso do Jusbrasil é gratuito.
Angelina Nunes entrevista Fábio Gusmão, autor do livro 'Dona Vitória Joana da Paz'. Foto: CEM/ESPM-Rio
Mesas de debate e entrevista sobre livro-reportagem
No bloco da tarde, o Esquenta contou com mesas sobre temas relevantes para o jornalismo investigativo como segurança pública, poder Judiciário e livros oriundos de grandes reportagens publicadas em veículos de imprensa.
Na mesa “As novas tramas e os donos do crime. Como tem sido a cobertura do crime organizado no Rio, os jornalistas Vera Araújo e Bruno Paes Manso fizeram uma discussão sobre a segurança pública no Rio de Janeiro, mediada por Glaucia Marinho, docente da ESPM-Rio.
Os jornalistas falaram sobre seus trabalhos publicados e como foi o processo de apuração para escancarar os pormenores do crime organizado no Rio. Paes Manso, que é autor de “A Fé e o Fuzil” e “A República das Milícias”, falou do surgimento das milícias e como o jornalista pode atuar neste contexto não-convencional. Vera Araújo complementa a reflexão trazendo ao debate pautas como a ADPF das Favelas, tentativa de reduzir a letalidade das operações policiais em comunidades, e as UPPs. Para a jornalista, a boa apuração é o fundamento de um bom jornalismo e que “o papel do jornalista não é reforçar estereótipos, mas combatê-los através de seu trabalho”.
Gláucia Marinho, Vera Araújo e Bruno Paes Manso. Foto: CEM/ESPM-Rio
Em seguida, a jornalista e diretora da Abraji Juliana Dal Piva mediou uma conversa entre Carolina Brígido (PlatôBR) e José Marques (Folha de S. Paulo) sobre os desafios de cobrir o poder Judiciário no Brasil hoje. Eles apontam como as maiores dificuldades a intensidade do trabalho de apuração, devido ao volume de informações a serem apuradas, e também a linguagem jurídica, que pode impor limites para a compreensão de pessoas que não pertencem ao universo do direito.
Juliana Dal Piva conversa com os jornalistas Carolina Brígido e José Marques. Foto: CEM/ESPM-Rio
Por fim, o evento encerrou com uma entrevista feita por Angelina Nunes com o jornalista Fábio Gusmão, autor do livro “Dona Vitória Joana da Paz”, que inspirou o filme “Vitória”, lançado recentemente. Gusmão dá um panorama de como foi todo o processo de apuração, que durou cerca de um ano e meio. Ele também revela como construiu sua relação com as fontes primárias para escrever as reportagens e, posteriormente, reuni-las em um livro e sobre sua escolha de contar a história “da janela para dentro”.
20º Congresso da Abraji
Para quem deseja participar de mais debates e oficinas como estes, as inscrições para a 20ª edição do Congresso da Abraji ficarão disponíveis em breve. Acompanhe os canais de comunicação da Abraji para receber avisos e fazer parte da comunidade de jornalistas e associados. O evento acontecerá dos dias 10 a 13 de julho, na ESPM-SP e mais informações estão disponíveis no site congresso.abraji.org.br.
Foto de capa: Laura Toyama/Abraji
