• 21.08
  • 2012
  • 12:44
  • Karin Salomao

Equipe do jornal carioca O Dia recebe prêmio da SIP

 

O jornal O Dia recebeu no dia 7 de agosto o prêmio “Excelência Jornalística” na categoria Cobertura Noticiosa da  Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), o mais importante das Américas. Os jornalistas Adriana Cruz, Fernanda Alves, Felipe Freire, Gabriela Moreira, Vânia Cunha e a equipe que participou da cobertura foram premiados pela série de reportagens de novembro de 2011, sobre a pacificação da Rocinha. 

Por mais de um mês, os repórteres das editorias de Cidade e Polícia acompanharam de perto a retomada de território na Rocinha, no Rio de Janeiro, as investigações dos agentes das polícias Militar, Civil e Federal e a mudança de cotidiano dos moradores da maior comunidade da Zona Sul do Rio. As reportagens relatam, entre outros assuntos, a história dos PMs que recusaram propina; policiais e advogados investigados por ligação com traficantes como Antônio Francisco Bonfim Lopes, conhecido como Nem da Rocinha; e a mudança tanto na Favela da Rocinha quanto na do Vidigal — sua vizinha. 

Segundo a SIP, as reportagens envolvem “ação, emoção, suspense, heroísmo, corrupção e enfoque policial, com desdobramento brilhante de recursos jornalísticos”. É o terceiro ano consecutivo que o jornal ganha o prêmio da SIP entre as 12 categorias. No ano passado, O Dia venceu na mesma categoria.

No dia 13 de novembro, um sábado, os repórteres chegaram por volta das 22h nas comunidades que seriam pacificadas: Vânia Cunha e Felipe Freire hospedaram-se na Rocinha e Fernanda Alves ficou em um hotel no Vidigal. Às três da manhã, juntaram-se às forças armadas para, uma hora depois, acompanharem a subida da polícia até o alto do morro.

Fernanda diz que, no Vidigal, o clima era de tensão. Havia barricadas no meio das ruas, que estavam cobertas de óleo. Nem os blindados do exército conseguiram passar pela camada de gordura. Foram duas horas de caminhada até a repórter conseguir alcançar os policiais no alto, que haviam começado a revistar as casas e suspeitos.

No decorrer do dia, Vânia Cunha chegou a acompanhar as incursões com o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), para apurar indícios de que os traficantes haviam escondido o seu arsenal na mata da favela. Foram os momentos de maior tensão para ela, não apenas pela operação ser perigosa, mas também pelo fato de estar em mata fechada.

Além da tensão, a adrenalina também acompanhou o trabalho da repórter. Na quarta-feira anterior à ocupação, dois comparsas de Nem, maior traficante de drogas brasileiro, tentaram fugir da Rocinha. Mas os comparsas Coelho e Peixe acabaram sendo pegos pela Policia Militar. “Foi a maior adrenalina, correr para chegar lá, cobrir a prisão”, diz Vânia.

A prisão de Nem também foi, para Vânia um momento emocionante da cobertura, da operação e da vida da comunidade. Vânia estava chegando em casa, depois de um dia cansativo, quando recebeu o aviso de que o haviam capturado em operação do Batalhão de Choque, na Zona Sul do Rio. Voltou correndo e se encontrou com o resto da equipe. O resultado, além da prisão mais importante da operação, foi uma reportagem sobre o cabo André Souza, um dos PMs do grupo que recusou a propina de R$ 1 milhão oferecida em troca da liberdade de Nem. 

 

Antes e depois

A ocupação começou em novembro, mas o trabalho da equipe de jornalistas começou bem antes. Pesquisaram os crimes e criminosos que estavam sendo procurados, o seu histórico e biografia, e cobriram também a preparação das forças para a operação. 

Apesar da ocupação na Rocinha ter durado apenas 12h, até domingo, a equipe continuou na comunidade. Pelas duas semanas seguintes, a equipe de jornalistas, editores e fotógrafos acompanhou a mudança que a operação causara na comunidade, além de entrevistar policiais, advogados e outras fontes. Adriana Cruz, jornalista que participou da cobertura, diz que, como a comunidade foi dominada pelo tráfico por muitos anos, “essa cultura é difícil de quebrar”.

O assunto mereceu tanto destaque por causa de sua repercussão: são quase 70 mil moradores na Rocinha. “A ocupação interessa a todos, patrão e empregado”, diz Adriana Cruz. Para ela, o objetivo era mostrar a mudança no cotidiano da população. Cruz já ganhara o prêmio da SIP no ano passado, pela cobertura da retomada do Complexo do Alemão pelas polícias do Estado, com o apoio das Forças Armadas.

 

Brasil

O Brasil ganhou em três categorias no SIP. Além de O DIA, repórteres da Folha de S.Paulo foram premiados pela a reportagem ‘Segredos do Itamaraty’, na categoria relações internacionais, e O Estado de S.Paulo por ‘O desejo de censura’, categoria Opinião. A assembleia da SIP, com discussões sobre jornalismo, e premiação aos profissionais será em outubro, em São Paulo. 

 

Assinatura Abraji