- 15.12
- 2022
- 15:37
- Abraji
Liberdade de expressão
Equipe da IstoÉ é agredida em acampamento bolsonarista em São Paulo
Uma equipe de reportagem da revista IstoÉ foi agredida nesta quarta-feira (14.dez.2022) no acampamento de manifestantes diante do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo. Os agressores chegaram a despejar um líquido, provavelmente urina, nos jornalistas.
Acompanhada de um fotógrafo, a repórter Gabriela Rölke havia ido ao acampamento para produzir uma reportagem. Estava devidamente credenciada e se identificou para os manifestantes com quem conversou amistosamente. Eles se dispuseram a dar entrevista. No entanto, outros bolsonaristas cercaram a equipe, proferiram ofensas e tentaram expulsar a repórter e o fotógrafo. Rölke foi ofendida com palavras misóginas de cunho moral e o bloco de anotações foi tomado das mãos delas.
Enquanto enxotavam os jornalistas, os manifestantes filmavam a cena degradante. Rölke e o fotógrafo se abrigaram em um posto volante da Polícia Militar, que teve de acionar viaturas de reforço diante do cenário de risco.
Os jornalistas denunciaram o caso à polícia, registrando boletim de ocorrência no 36º DP, de Vila Mariana. A direção da IstoÉ informou que vai processar os responsáveis pelas agressões.
A Abraji se solidariza com os jornalistas e suas famílias diante de mais essa cena de humilhação e violência. Cenas que têm se repetido sem a devida apuração e responsabilização dos agressores. Denunciamos mais este caso de ataques contra a imprensa. Desde 30.out.2022, inconformados com o resultado das urnas, grupos de extrema-direita têm clamado por um golpe militar, o que é inconstitucional, usando como estratégia bloqueios de rodovias e concentração diante de quartéis. Nesse período, foram quase 70 ataques a equipes de jornalistas, incluindo uma rádio incendiada e disparos de arma de fogo que estilhaçaram os vidros da fachada de um site de notícias.
Os jornalistas têm sido intimidados, ameaçados e impedidos de exercer o trabalho essencial a toda e qualquer nação democrática. É imperativo que as autoridades tomem providências sob pena de a impunidade produzir mais vítimas em casos ainda mais graves.
Diretoria da Abraji, 15 de dezembro de 2022.