- 14.07
- 2009
- 11:36
- Ivan Men Torraca/ Projeto Repórter do Futuro
Entre o Diário Oficial e o café da manhã
A mesa “Cobertura da Administração Pública”, comandada pelo repórter Evandro Spinelli da Folha de S. Paulo durante o 4º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, teve como destaque a investigação do poder local.
“A minha principal ferramenta para a cobertura da administração pública é o diário oficial. As fontes, muitas vezes, são complementares a ele”, afirmou Spinelli que chegou a brincar dizendo que a leitura atenta do diário oficial faz parte do seu café da manhã.
O jornalista falou sobre o início de sua carreira em Ribeirão Preto. Antes de entrar para o jornalismo, Spinelli que participava do PCdoB e acompanhou o primeiro mandato de Antônio Palocci Filho (1993-1996) como “militante”. Tempos depois, essa experiência favoreceu sua percepção sobre o jogo político quando, já na Folha de São Paulo, fez a cobertura do segundo mandato do prefeito petista no ano de 2001 e na cobertura da administração pública.
“O que interessa ao público nem sempre é de interesse público”, disse citando o livro A Arte de fazer jornal diário, do jornalista Ricardo Noblat, fez a seguinte conclusão: “o dinheiro público é de interesse público. Se é um real ou 100 milhões, é desvio de dinheiro público. Pra lei, não há diferença. Para o jornalismo, tem que ter bom senso”, justificando a importância do tema.
Analisar planos de governos, acompanhar promessas de campanha e financiamento de políticos, criar banco de dados, entender a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei de Licitações, balancetes e prestação de contas, são algumas das dicas do repórter. “Se alguma coisa lhe chamar atenção, peça documentos para analisar”, disse.
Spinelli reforçou a importância das fontes. “Nunca despreze nenhuma fonte, nenhuma informação. Ninguém dá recibo de corrupção e se ninguém te contar, você nunca saberá onde há corrupção”. O jornalista lembrou que um dos principais erros é focar apenas no alto escalão dos governos. “O estagiário, os renegados, aqueles que perderam cargos de confiança e até as ex-mulheres são ótimas fontes”, brinca.