- 17.06
- 2022
- 12:05
- Fenaj, ABI, Abraji e FNDC
Entidades pedem revisão da ordem de extradição de Julian Assange
Foto de capa: Wikimedia Commons
Apesar de todas as pressões, o governo britânico assinou, na manhã desta sexta-feira, 17.jun.2022, a ordem para extraditar Julian Assange para os Estados Unidos. A decisão foi anunciada pela Secretaria Nacional do Interior, comandada por Priti Patel, sob o argumento de que os tribunais do Reino Unido não entenderam que a extradição seria injusta ou incompatível com os direitos humanos.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)somam-se às Federações Europeia (EFJ) e Internacional de Jornalistas (IFJ) e classificam a decisão como um duro golpe contra a liberdade de imprensa. Para as entidades, a decisão pode estabelecer um precedente perigoso a ser aplicado a qualquer jornalista, meio de comunicação ou fonte, em qualquer lugar do mundo, que publique notícias baseadas no vazamento de informações de interesse público.
Os EUA querem julgar o jornalista pelo vazamento de documentos obtidos pelo ex-oficial de inteligência do exército, Chelsea Manning, que apontavam irregularidades das forças americanas no Iraque e no Afeganistão. Os documentos foram publicados no site WikiLeaks e reproduzidos pela mídia internacional.
Julian Assange responde por 17 acusações sob a Lei de Espionagem e uma acusação sob a Lei de Fraude e Abuso de Computadores, que combinadas poderiam levá-lo à prisão por até 175 anos. É altamente provável que ele seja detido lá em condições de isolamento ou confinamento solitário, apesar das garantias do governo dos EUA, o que exacerbaria severamente seu risco de suicídio.
Cidadão australiano, Assange permanecerá na penitenciária de segurança máxima Belmarsh, em Londres, onde está desde 2019, aguardando a tramitação do pedido de extradição feito pelos EUA. A defesa do fundador do Wikileaks tem agora 14 dias para tentar um recurso contra a decisão. A batalha judicial, portanto, não está encerrada.
As entidades instam o governo australiano, para que assegure a integridade de seu cidadão. E o governo britânico, para que reveja a decisão com base nos critérios da liberdade de imprensa e seus desdobramentos para o jornalismo mundial. Por fim, conclamam todas/os as/os jornalistas a apoiarem Julian Assange e a defesa intransigente do exercício profissional. O jornalismo e as/os jornalistas não podem ser criminalizados!
Brasília, 17 de junho de 2022
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Associação Brasileira de Imprensa - ABI
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - Abraji
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)