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Entidades jornalísticas pedem mais segurança para cobertura de protestos

Publicado na Folha de S.Paulo em 10 de fevereiro de 2014

A Arfoc-Rio (Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro) afirmou, em nota, que o cinegrafista da Band Santiago Ilídio de Andrade, 49, que teve morte cerebral na manhã desta segunda, é vítima da irresponsabilidade das empresas jornalísticas, "que se recusam a fornecer equipamentos de segurança, treinamento e estabelecer como regra primordial de segurança o impedimento do profissional trabalhar sozinho."

A Associação pedem que uma investigação criminal seja instaurada com o intuito de "apurar quem defende, financia e presta assessoria jurídica a esse grupo de criminosos, hoje assassinos, intitulados "Black Blocs", que agridem e matam jornalista e praticam uma série de atos de vandalismos contra o patrimônio público e privado."

Ainda lembraram que Andrade foi o terceiro profissional morto durante o trabalho.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio também afirma que o profissional da Band foi atingido pelo artefato por não estar vestido adequadamente, com capacete e máscaras.

Segundo o Sindicato, é tarefa do empregador fornecer os equipamentos de proteção individual aos profissionais de imprensa.

"Há três meses, denunciamos, em audiência realizada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, os graves riscos de vida e as precárias condições de trabalho dos jornalistas que cobrem as manifestações. Na ocasião, foi entregue às autoridades um relatório que apresentou os casos referentes a agressões sofridas por 49 jornalistas num período de apenas cinco meses", diz a nota.

O sindicato enviou na própria quinta, quando o cinegrafista foi atingido, à direção-geral do Grupo Bandeirantes de Comunicação um comunicado para que "adeque imediatamente o seu protocolo de segurança no trabalho às necessidades dos trabalhadores que cobrem os protestos na cidade."

"Cabe às autoridades da Segurança Pública e da Justiça a rigorosa apuração da autoria desse mais recente atentado. De nossa parte, mais uma vez, temos de cobrar das autoridades e das empresas que cumpram a sua responsabilidade de agir para a prevenção de casos como o de Santiago."

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) lamentou a morte de Andrade na manhã desta segunda.

E alertaram para alerta para a crescente violência contra profissionais da imprensa durante manifestações que acontecem no país desde junho do ano passado.

Segundo a Abraji, houve 117 casos de agressão, hostilidade - tanto por manifestantes quanto por policiais - ou detenção de jornalistas.

"A violência sistemática contra profissionais da imprensa constitui atentado à liberdade de expressão. É preciso que o Estado (Executivo e Judiciário) identifique, julgue e puna os responsáveis pelos ataques", diz a nota.

OUTRO LADO

A Band informou que está apurando todos os detalhes que envolvem o procedimento e disse ainda que "cinegrafistas usam, normalmente, colete à prova de balas, durante coberturas em áreas de conflito, como, por exemplo, quando acompanham ações policiais em regiões consideradas inseguras".

A emissora disse também que Santiago Andrade frequentou um no ano passado em que um dos focos foi a segurança na cobertura de manifestações.

"Assim, no episódio da Central do Brasil, Santiago estava postado a uma certa distância dos pontos de confronto, quando jogaram o artefato que o atingiu pelas costas. E trabalhava nas mesmas condições em que os cinegrafistas que normalmente cobrem eventos como aquele. "

Assinatura Abraji