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Entidades cobram rigor na apuração do crime do jornalista
Publicado em 24 de abril de 2012 em O Globo
Entidades que representam jornalistas e órgãos de imprensa cobraram nesta terça-feira rigor nas investigações da morte de Décio Sá, e destacaram que ele foi o quarto jornalista assassinado no Brasil este ano e o quinto desde fevereiro de 2011. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) formalizará um pedido à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, para que a Polícia Federal acompanhe a apuração do caso.
— A vítima fazia um jornalismo combativo, investigativo. Certamente, ganhou grandes inimigos interessados em silenciá-lo. É importante que as investigações sejam acompanhadas pela Polícia Federal, sem ferir a autonomia do estado do Maranhão. Essa participação é importante para que os criminosos sejam identificados e submetidos às penas previstas — disse o presidente da ABI, Maurício Azêdo.
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) cobrou agilidade na apuração do caso. A Associação alertou que o Brasil é o 11º país com o pior índice de impunidade em crimes contra jornalistas.
“A Abraji vê com preocupação a escalada de violência contra jornalistas no Brasil e cobra agilidade das autoridades na solução do caso. Além de responsabilizar os culpados, a investigação deve esclarecer a motivação do crime e se ele teve relação ou não com o trabalho jornalístico. Crimes que visam calar um jornalista configuram um grave atentado à liberdade de expressão.”
Já a Associação Nacional de Jornais (ANJ) chamou a atenção para a impunidade.
“A ANJ assinala com grande preocupação que esse é o quarto assassinato de jornalista no Brasil apenas em 2012, o que demonstra o efeito pernicioso da impunidade nos casos de atentado à vida de profissionais que trabalham para melhor informar os cidadãos” — afirmou em nota.
O assassinato de Décio repercutiu no exterior. A Sociedad Interamericana de Prensa (SIP) divulgou reportagem sobre os crimes contra repórteres no Brasil, e ressaltou que a morte de Décio ocorreu um dia após a instituição alertar para os risco da profissão no país. A SIP ainda relacionou a ocorrência de oito agressões a comunicadores; uma prisão de jornalista; seis atentados e seis ameaças a profissionais de imprensa; além de seis casos de censura judicial.
A organização Repórteres sem Fronteiras pediu esforço para esclarecer o crime, ressaltando que a ação teria sido planejada. A instituição destacou em seu site que o Brasil caiu 41 posições no último ranking de liberdade de imprensa divulgado pela organização, ocupando a 99 colocação numa lista de 179 países. A entidade cobrou garantias para que os jornalistas trabalhem em segurança, inclusive em pautas sobre corrupção ou vários tipos de tráfico.