• 23.12
  • 2011
  • 07:29
  • Marina Iemini Atoji

Engajar leitores é alternativa para manter audiência

Desde o boom da Web 2.0, nos idos de 2004, jornais e jornalistas discutem maneiras de manter seu prestígio junto ao público  - que deixou de ser espectador e passou a produzir e compartilhar conteúdo.  O investimento no chamado "engajamento da audiência" - uma estratégia de criar vínculos mais estreitos com o leitor por meio do incentivo à sua participação - é apontada como a mais recente solução para o caso, inclusive no jornalismo investigativo.

A ProPublica, organização dedicada a reportagens de investigação, criou dois mecanismos que permitem aos leitores participar das produções ou acompanhar seu desenvolvimento. O DocDiver, lançado em outubro, possibilita a inclusão de comentários nos documentos usados para produzir as matérias. Neste mês, a ProPublica lançou o Explore Sources - que mostra, na própria reportagem, os trechos específicos de documentos de onde os dados foram  extraídos.

Aqui no Brasil, a Folha de S.Paulo lançou, em setembro, o Folhaleaks, canal para receber informações que possam levar a investigações jornalísticas. O leitor pode enviar anonimamente sugestões e documentos.

Chrys Wu, especialista em "engajamento de audiência", diz que o primeiro passo é definir os objetivos, para então traçar um plano e encontrar o público que se deseja alcançar.

A partir disso, diz Wu, deve-se ter em mente que é preciso tempo para se dedicar à construção da conversa com os leitores. Monitorar os horários do dia em que as pessoas visitam mais o site ou clicam mais nos links compartilhados pelo veículo (ou pelo próprio jornalista) é importante - para obter ainda mais tráfego e para organizar os períodos em que se vai concentrar a interação.

Pauta à vista
Em outubro, o periódico britânico The Guardian resolveu fazer uma experiência e passou a publicar em seu site uma seção com as pautas em desenvolvimento pelos jornalistas da casa. Além dos assuntos e eventos que serão cobertos, são mostradas as opiniões dos editores sobre tais assuntos e as discussões em torno deles.

Nem todas as pautas são exibidas, para não comprometer investigações em andamento - nem a exclusividade que alimenta a competição entre jornais. Mas diz o Guardian que "a maioria de nossos planos estarão aqui para todos verem".

Na Itália, o La Repubblica coloca no site vídeos (editados, cabe anotar) com suas reuniões de pauta diárias.

Redes sociais
Já que as redes sociais ganharam espaço como fonte de informações para o público, elas também se tornaram foco de investimentos para aprofundar a interação com o público.

A conta do jornal O Estado de S.Paulo no Twitter, por exemplo, é uma das mais influentes do mundo, de acordo com o site Twitalyzer. Ganhou popularidade por responder os leitores em tempo real, postar notícias em tom informal e retuitar notícias até da concorrência (como a Folha e O Globo). A página no Facebook é outra ferramenta bastante usada pelo diário para consultar a opinião dos leitores.


No nicho popular, o jornal Meia Hora, do Rio de Janeiro, angaria fãs no Facebook, ao compartilhar suas capas, famosas pela irreverência. Mais de 9 mil pessoas curtiram a página do jornal e há postagens que ultrapassam mil compartilhamentos.

Assinatura Abraji