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Em São Paulo, líderes da mídia digital advertem para inovação no jornalismo

Publicado em 18 de julho de 2012, no International Center fo Journalists.

Por Elisa Tinsley

É inverno em São Paulo, onde a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo organizou o 7° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. A leve brisa – um respiro para o recente calor na América do Norte – permeou as discussões sobre o futuro da mídia. 

Então pareceu apropriado que David Carr tenha se apresentado na sessão final do congresso. Ele é colunista do The New York Tomes e renomado por suas advertências sobre o futuro da mídia tradicional.

O fato de que a forma tradicional de fazer negócio já não é mais viável foi debatido por uma década e ainda não foi resolvido. “Jornalismo não está em declínio, é o modelo de negócios que está declinando” disse Rosental Calmon Alves, diretor do Knight Center para Jornalismo nas Américas, na palestra da Abraji. Na sua coluna do dia 8 de julho, sobre os cortes publicitários na The Times-Picayune, Carr chamou isso de uma falha para “quebrar o código”. Baseado em conversas ouvidas na conferência, isso se tornou um assunto global. 

Agrupar dezenas de jornalistas, no entanto, é um convite aberto para procurar e invariavelmente achar o lado escuro da história. De fato, houve sinais encorajadores no congresso. Muitas das mais de 75 palestras, apresentadas em três dias (terminando no dia 14 de julho), focaram-se nas novas fronteiras: jornalismo de dados e ferramentas de mapeamento (Knight International Journalism Fellows Sandra Crucianelli, da Argentina e Gustavo Faleiros, no Brasil), engajar e convidar jornalistas cidadãos para participar no processo da notícia (former Knight Fellow Bruno Garcez e Erick Bretas da TV Globo), e usar o Twitter como uma redação (Andy Carvin, do NPR).

Os tópicos variaram de como escrever usando números (Sarah Cohen, da Doke University) a perspectivas globais em jornalismo investigativo (Brant Houston do Investigative News Network e o consultor em jornalismo investigativo David Kaplan).

Em sua apresentação sobre a evolução da redação que criou no Twitter para acompanhar as revoluções da Primavera Árabe ao redo do Oriente Médio, Andy Carvin admitiu que o processo – ele diz estar criando e gerenciando um processo, não um produto – demanda todo o tempo que ele pode oferecer. Carvin disse que outros deveriam criar outras redações semelhantemente orgânicas, que sejam constantemente atualizadas e auto-corretoras. 

No encerramento do congresso da Abraji, Carr apresentou um ponto semelhante e surpreendentemente positivo para a audiência com maioria de estudantes. Ele os encorajou a continuar no jornalimo, que busca novos caminhos longe dos modelos tradicionais. É o jornalismo que não está restrito a uma ferramenta, método ou mesmo equipe em particular. Está em constante mudança e adaptação – algo que Carr nota que os jornalistas estão bem preparados para fazer.

Assinatura Abraji