- 03.11
- 2008
- 17:26
- Abraji
Em curso sobre conflitos armados, conselheiro do INSI dá dicas para cobertura mais segura
Manter um contato constante com a redação, dando notícias da própria segurança a cada meia hora, nunca subir o morro com a polícia em meio a tiroteios e enviar profissionais experientes e treinados para as coberturas que envolvam maiores riscos. Essas foram algumas recomendações dadas por Marcelo Moreira, jornalista da TV Globo do Rio e conselheiro do International News Safety Institute (INSI), nesta segunda-feira, 3, na abertura do 3 º curso de Jornalismo em Áreas de Conflito Armado e outras situações de violência.
Organizado pela Oboré, em parceria com a Abraji e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o evento reúne jornalistas indicados por veículos convidados como a Folha de S. Paulo, CBN, Diário de S. Paulo, Canal Universitário e TV Cultura. O curso, que será ministrado até o dia 6 na sede da Oboré (centro de São Paulo), visa aproximar os profissionais do conhecimento mínimo sobre as leis da guerra, ou Direito Internacional Humanitário, entendendo este conjunto de normas como uma ferramenta útil para a observação, a análise e a reportagem em situações de conflito armado. Fazem parte da programação (ver mais detalhes abaixo) ainda representantes da Cruz Vermelha, Exército e Polícia Militar.
Marco de mudanças
“Infelizmente, foi preciso um trauma [a morte de Tim Lopes] para que os jornalistas aprendessem a não correr tantos riscos”, disse Moreira, que foi chefe de reportagem de Tim Lopes na época de seu assassinato por traficantes no Rio de Janeiro. O jornalista conta que a tragédia foi marco do início de uma nova postura para as coberturas de risco da TV Globo e do jornalismo em geral, seguida por mudanças importantes nas regras da emissora com relação à segurança de seus repórteres.
"Antes de Tim Lopes morrer, nós éramos inocentes, achávamos que jornalista identificado dentro da favela seria expulso, no máximo levaria uns tapas... quando ele morreu despertamos para a realidade do perigo”, lembra.
O jornalista ainda lamenta o acontecimento, porém acredita que dele saíram coisas boas como a criação de treinamentos para situações de risco, o uso mais responsável da câmera oculta (ou a abolição do uso em alguns casos) e a criação da Abraji.
Programação
3/11 – Cobertura de conflitos em áreas de risco – como se comportar? - Marcelo Moreira, jornalista da TV Globo - Rio e representante do International News Safety Institute (INSI)
4/11 – Regras de engajamento do exército em diferentes situações: guerra, missões de paz e policiamento– tenente-coronel Ricardo Vendramin, do Centro de Comunicação Social do Exército em Brasília
5/11 – Marco jurídico do Direito Humanitário Internacional e definições sobre o que é guerra e outras situações de conflito - Gabriel Valladares, assessor jurídico do CICV
6/11 – Regras de engajamento da polícia em situações de conflito e o que o manual da polícia recomenda fazer nessas circunstâncias - André Vianna, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo