- 10.07
- 2009
- 17:57
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Eleições de 2010 devem ter pesquisas de opinião focadas no eleitor e uso de novas tecnologias, dizem especialistas
Especialistas em Política e pesquisas eleitorais falaram sobre as perspectivas da cobertura jornalística nas próximas eleições presidenciais. Maria Cristina Fernandes, do jornal Valor Econômico, Bob Fernandes, do Terra Magazine e Alessandro Janoni, do Datafolha, estiveram no painel “Cobertura das eleições de 2010 - planejamento e pesquisa”, na tarde da sexta-feira 10 de julho durante o congresso da Abraji.
Para Maria Cristina Fernandes, editora de Política do jornal Valor Econômico, as próximas eleições serão singulares, pois elegerão o sucessor de um dos políticos mais populares da história do Brasil e, provavelmente, terão uma mulher entre os candidatos mais fortes à presidência. “É também a primeira vez, desde a reabertura democrática, em que o Lula não concorrerá”, observou. Segundo a jornalista, o eleitor também está mais exigente.
Maria Cristina acha que o acompanhamento jornalístico das próximas eleições deve se diferenciar. “Nos habituamos a uma cobertura que cobre Brasília de mais e Brasil de menos, político de mais e eleitor de menos. Nosso contato com o eleitor acaba sendo restrito à pesquisa”. Para a colunista do Valor, as pesquisas de campanha não deveriam só avaliar quem está na frente do pleito, mas também as demandas dos eleitores.
Bob Fernandes, criador do Terra Maganize, também espera uma cobertura ímpar das eleições de 2010, por conta da larga difusão do uso de novas tecnologias. Ele ilustrou a veloz difusão dessas com o caso do economista e presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo, que, há menos de 48 horas, criou um twitter, que já tem quase 9 mil seguidores. “Estou dizendo isso, porque não sabemos ainda como vamos cobrir as eleições no ano que vem, mas acredito que elas serão as primeiras verdadeiramente cobertas em tempo real pelo Brasil”.
Na opinião de Bob, ferramentas de comunicação modernas como Twitter, blackberries e blogs serão largamente usadas tanto pelos jornalistas quanto por políticos em suas propagandas de campanha. “Os jornalistas vão ter que aprender a usar a rede e os candidatos também. No Brasil, ainda estão todos brincando com essas tecnologias. Acho que é isso o que temos que discutir”, disse.
Pesquisas
O diretor de pesquisas do Datafolha Alessandro Janoni falou sobre métodos e legislação de pesquisas eleitorais. A lei eleitoral exige que um instituto de pesquisa registre dados como quem é o contratante da pesquisa, o valor e a origem dos recursos, a metodologia usada e o questionário completo. “É muito importante o acesso ao sistema de coleta de dados do instituto e o questionário é um ponto chave”, disse sobre os fatores que devem ser considerados ao se avaliar uma pesquisa.
Assim como Maria Teresa, Janoni acredita que as pesquisas devem se ocupar das necessidades dos eleitores, no lugar de meramente tratar das intenções de voto. Ele citou a pesquisa DNA Paulistano, encomendada pela Folha de S. Paulo nas eleições municipais de 2008. A pesquisa foi criada para mapear a demanda por politicas públicas em cada bairro de São Paulo, de acordo com as declarações da população. “A idéia era entender o que a população quer em cada um dos bairros para saber o que cada um dos candidatos tem a dizer sobre isso. Foi a maior pesquisa já feita pelo Datafolha em São Paulo”, disse.