
- 13.10
- 2025
- 12:19
- Abraji
Liberdade de expressão
Acesso à Informação
Dorrit Harazim e Dom Angélico Sândalo Bernardino são os homenageados do Prêmio Vladimir Herzog
Uma das mais respeitadas jornalistas e documentaristas do Brasil, Dorrit Harazim, e um dos principais defensores da democracia e dos direitos humanos, Dom Angélico Sândalo Bernardino (in memoriam), foram os escolhidos pela comissão organizadora do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos para homenagens nas premiações especiais de sua 47ª edição, em 27 de outubro.
Para a comissão organizadora, ambos são vozes que fazem ecoar os princípios de solidariedade e respeito humano, tanto por meio do jornalismo praticado por Dorrit quanto pela defesa intransigente da vida em comunhão do povo brasileiro, como pregava Dom Angélico.
Dorrit Harazim
Com passagens pelos principais veículos de comunicação do país, Dorrit iniciou no jornalismo em 1966, como pesquisadora da revista semanal francesa L’Express, em Paris. Trabalhou na revista Veja de setembro de 1968, data de lançamento da publicação, até 1976, atuando depois em dois outros períodos. Foi repórter, editora de Internacional, redatora-chefe, editora especial e chefe do escritório da editora Abril em Nova York. Possui quatro Prêmios Esso e foi a primeira brasileira a receber o Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo, na categoria Excelência.
Sua trajetória também foi marcada pela cobertura relevante no cenário internacional. Entre os eventos, o golpe militar no Chile, em 1973, quatro eleições presidenciais nos Estados Unidos e os ataques de 11 de setembro de 2001, em Nova York.
Foi cofundadora, em 2006, da revista piauí, na qual atuou como editora até setembro de 2012. De 2002 a 2013, produziu uma série de reportagens especiais para o jornal O Globo e tornou-se colunista de Opinião do veículo em 2010, função que ocupa até hoje. A jornalista lançou seu primeiro livro em 2016, "O instante certo", pela Companhia das Letras.
Dom Angélico Sândalo Bernardino (in memoriam)
Nascido em Saltinho, no interior de São Paulo, em 1933, Dom Angélico Sândalo Bernardino sempre atuou em defesa dos vulneráveis, dos trabalhadores, dos movimentos sociais, da opção preferencial pelos pobres e da liberdade de expressão.
Estudou Filosofia no Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo, e Teologia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão (RS). Em Ribeirão Preto (SP), cursou a faculdade de Jornalismo. Foi ordenado sacerdote em 12 de julho de 1959.
Em suas andanças pelo Brasil, foi coordenador da Pastoral do Mundo do Trabalho em São Paulo e diretor de diversos jornais, entre eles O Estado de S. Paulo, no qual assinava uma coluna, e da Arquidiocese de Dom Paulo Evaristo Arns. Em Santa Catarina, foi nomeado o primeiro bispo diocesano em Blumenau, em 2000. Tornou-se bispo emérito da cidade, onde permaneceu até completar 75 anos.
Foi um dos principais representantes do setor progressista da Igreja durante a ditadura militar. Sua trajetória é marcada por momentos históricos da luta por direitos humanos no Brasil, como a prisão de Madre Maurina (1969), os assassinatos sob tortura de Vladimir Herzog (1975) e Manoel Fiel Filho (1976), a execução do metalúrgico e sindicalista Santo Dias (1979), a campanha por Eleições Diretas (1984) e a descoberta da vala clandestina de Perus (1990). Dom Angélico morreu em 15 de abril de 2025, aos 92 anos.
Comissão organizadora e promotora
Desde a sua primeira edição, em 1979, o prêmio celebra a vida e obra do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado pela ditadura civil-militar no dia 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo.
A premiação é organizada pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, associação civil de direito privado, sem fins lucrativos ou político-partidários, fundada em novembro de 2022, em São Paulo. A entidade reúne 18 instituições da sociedade civil, além da família Herzog: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); Artigo 19; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); Geledés; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Instituto Vladimir Herzog, Instituto Socioambiental (ISA); Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Coletivo Periferia em Movimento; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), SBPJor – Assocação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo e União Brasileira de Escritores (UBE).
O 47º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos tem o patrocínio da Petrobras e do governo federal por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Nesta edição, um arco de alianças formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Teatro da PUC, TV PUC, Pryzant Design, CDI e Oboré atua como parceiros institucionais.
Conheça aqui os vencedores de 2025.