- 19.05
- 2007
- 11:28
- Felipe Barbosa – estudante de jornalismo da Cásper
Dominação de grupos empresarias dificulta investigação jornalística na América Lática
O seminário “Jornalismo Investigativo na América Latina”, que ocorreu durante o 2º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji, contou com a participação de três profissionais do ramo vindos de diferentes países da América do Sul: o argentino Daniel Santoro, do jornal Clarín, o colombiano Carlos Eduardo Huertas, da revista Semana e o brasileiro e professor da Faculdade Cásper Líbero, Igor Fuser. Os participantes comentaram as principais dificuldades enfrentadas para a realização de matérias investigativas, como os empecilhos causados por governos e organizações empresariais.
Fuser colocou que o grande problema que enfrentam os jornalistas latino-americanos ao realizar reportagens investigativas é a crescente dominação dos meios de comunicação por conglomerados empresariais e a dependência de anunciantes.
Situação semelhante à Colômbia, como afirmou Huertas, que apresentou a realidade dos periódicos em seu país, onde o nível de leitura dos jornais é pequeno e os profissionais têm que trabalhar em meio à batalha entre guerrilhas e grupos paramilitares, alguns ligados com o governo. O jornalista colocou três pontos que impedem um jornalismo totalmente eficiente em seu país: a conjuntura política, a dependência dos jornalistas por fontes oficiais e a banalização da informação. Ainda segundo ele, a falta de reflexão sobre os acontecimentos é outro fator importante, pois faz com que muitas vezes assuntos de grande importância sejam rapidamente esquecidos pelos leitores.
Daniel Santoro levantou a questão da necessidade de uma legislação que possibilite o acesso a documentos públicos, referindo ao que ele define como “tradição do secretismo”, onde muitos governos impedem o conhecimento da população sobre documentos sigilosos. Este acesso facilitaria e aumentaria a realização das investigações jornalísticas. Como exemplo, o argentino citou uma lei dos Estados Unidos que permite que arquivos “sigilosos” sejam acessados e mostrou furos de reportagem do Clarín que não seriam realizados sem o acesso à documentos secretos.