• 17.12
  • 2014
  • 10:27
  • Osvaldo Cáceres

Documentos de Vilmar seriam falsos, suspeita Brasil

Publicado em 17 de dezembro de 2014 no ABC Color (Paraguai). Tradução livre.

O procurador-geral do Brasil, Rodrigo Janot, disse suspeitar da autenticidade da documentação brasileira de Vilmar "Neneco" Acosta, foragido acusado de assassinar o jornalista Pablo Medina e Antonia Almada.

Afirmou que o objetivo da Procuradoria brasileira é prender o ex-prefeito de Ypejhú e que para isso formará uma equipe de investigação. Janot se reuniu com o procurador-geral do Estado, Javier Díaz Verón e sua comitiva.

Acompanhado dos procuradores Dogulkas Fischer, Bruno e Greorgia Diogo, Janot esteve com o procurador-geral do Estado e os procuradores Sandra Quiñónez e Juan Emilio Oviedo.

Durante o encontro, a que o ABC Color teve acesso, se percebeu que as autoridades brasileiras conhecem o caso com detalhes.

Quando Díaz Verón abordou o temor de que Vilmar se proteja com uma suposta nacionalidade brasileira, Janot disse: "Suspeitamos que esse documento é falso e possivelmente Vilmar perdeu todos os direitos dele aqui".

Díaz Verón indicou que de acordo com informações obtidas pela procuradora Carla Morys, Vilmar nasceu em 13 de julho de 1975 em Ypejhú. No entanto, três anos depois apareceu como nascido em Paranhos, com o mesmo nome de pai e mãe.

Janot indicou que por enquanto não há documento que respalde que Vilmar é brasileiro e que tudo será exposto em detalhes em um eventual julgamento de extradição, se Vilmar for detido no Brasil.

"Vamos tratar de prender essas pessoas o mais rápido possível, enquanto investigamos a veracidade ou não dos documentos de identidade", afirmou o procurador-geral.

A resposta agradou a delegação paraguaia, que vê uma possibilidade de extradição de Vilmar ao Paraguai, se ele for preso no Brasil.

Díaz Verón disse que há informações de que Vilmar estaria escondido em Paranhos (MS) ou em São Paulo com os também fugitivos Wilson Acosta e Flavio Acosta Riveros. 

Janot indicou que montará uma equipe de investigação para colaborar com a busca e investigar a fundo a autenticidade dos documentos de Vilmar e dos demais, se é que existem.

"Temos como objetivo localizá-lo e cumprir a ordem de prisão", enfatizou Janot.

As autoridades brasileiras afirmaram saber que Vilmar Acosta também esteve envolvido no crime do ex-prefeito de Ypejhú Julián Núñez Benítez e que "Neneco" renovou sua carteira de habilitação através de um laranja.

O jornalista Pablo Medina fou assassinado com Antonia Almada em 16 de outubro deste ano em Villa Ygatimí. Ontem o crime, que segundo a procuradoria foi ordenado por "Neneco", completou dois meses.

A ordem de prisão internacional com fins de extradição do ex-prefeito de Ypejhú Vilmar "Neneco" Acosta Marques (ANR); seu irmão Wilson Acosta Riveros e seu motorista Arnaldo Cabrera López (já detido) foi emitida pelo juiz Carlos Martínez, após pedido dos procuradores encarregados do caso Sandra Quiñónez e Lorenzo Lezcano.

O documento foi remetido ao Departamento da Interpol da Polícia Federal paraguaia, que por sua vez o remeteu aos organismos de segrança de todos os países. O Brasil agora se compromete com a busca e prisão de Vilmar.

Pedem cooperação jurídica

O promotor de Assuntos Internacionais do Paraguai, Juan Emilio Oviedo, apresentou ao Ministério da Justiça do Brasil um pedido de cooperação jurídica.

No pedido, requer que a Justiça brasileira compartilhe com a paraguaia todo tipo de informações sobre as documentações dos foragidos. Pede que o Ministério da Justiça oficie os juizados de Mato Grosso do Sul para que informem sobre documentações de todo tipo existentes sobre Vilmar Acosta, Wilson Acosta e Flavio Acosta Riveros.

Como o caso Petrobras

Para que se compreendesse a importância de esclarecer o assassinato de Pablo Medina e Antonia Almada, o procurador-geral paraguaio Javier Díaz Verón disse a seu colega brasileiro que o caso é no Paraguai como o da Petrobras no Brasil. Indicou que a morte de Medina revelou a narcopolítica no Paraguai.

Afirmou, ainda, que se sabe haver conexão com políticos do Brasil. "Pedimos às autoridades brasileiras que façam um esforço e o coloquem à disposição da Justiça paraguaia", disse Verón a Janot.

Assinatura Abraji