• 18.12
  • 2012
  • 13:37
  • Abraji

Diretor da Abraji recebe ameaça de morte no Paraná

Mauri König, diretor da Abraji e repórter do jornal Gazeta do Povo, foi vítima de ameaças na última segunda-feira (17.12.2012). Diferentes pessoas telefonaram ao jornal, em Curitiba, e fizeram ameaças diretas e também alertas sobre ataques que estariam sendo planejados contra repórteres e diretores da empresa*. Mauri König foi citado nominalmente: sua casa seria metralhada.

Um jornalista da RPC TV, emissora do mesmo grupo da Gazeta, atendeu a um dos telefonemas. De acordo com ele, o interlocutor se identificou como policial e disse ter ouvido de colegas que cinco policiais civis e militares do Rio de Janeiro estavam em Curitiba para metralhar a casa de Mauri. O motivo seria uma investigação conduzida pelo repórter.

Em maio, ele coordenou uma série de reportagens publicada na Gazeta sob o título “Polícia Fora da Lei”. Os textos revelaram, por exemplo, que agentes usavam viaturas da corporação para compromissos pessoais – inclusive visita a casas de prostituição em horário de expediente.

À época, o blog policial da publicação recebeu comentários anônimos com ameaças aos jornalistas envolvidos na apuração. Mauri foi descrito como “inimigo número 1 da Polícia Civil”.

Nessa segunda-feira (17.12.2012) a Gazeta do Povo publicou novo texto sobre a corporação, desta vez dando conta de uma possível promoção de agentes que estariam sendo investigados pelo uso de viaturas para fins pessoais.

Mauri König e sua família deixaram a casa em que viviam em Curitiba. Eles estão em endereço desconhecido, sob proteção constante de seguranças contratados pelo jornal. A Gazeta do Povo também ajudará o jornalista a deixar o Paraná.

O GAECO (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão que também é responsável pelo controle externo das polícias no Paraná, tenta identificar os autores das ameaças.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lamenta e condena as ameaças feitas contra seu diretor, o repórter Mauri König. 

Mauri é a vítima mais recente de uma escalada de violência contra jornalistas no Brasil. De acordo com o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), só em 2012, quatro jornalistas brasileiros foram mortos por exercerem sua profissão. Também por causa de ameaças, o repórter policial André Caramante, da Folha de S.Paulo, teve de se afastar da redação em setembro deste ano.

A Abraji cobra apuração célere das ameaças contra Mauri König, que são ameaças também à liberdade de expressão e à democracia. Tentar calar um repórter é atentar contra o direito de saber de toda a sociedade.

Diretoria da Abraji, 18/12/2012

*Atualizado às 19h05, 18/12/2012

Assinatura Abraji