- 05.10
- 2006
- 14:53
- Belisa Figueiró
Diário de Marília sofre censura e tentativa de invasão durante a eleição
O jornal Diário de Marília sofreu uma tentativa de invasão durante a madrugada de 1º de outubro, dia da eleições. Supostos cabos eleitorais do ex-prefeito de Marília, José Abelardo Camarinha, tentaram pressionar e agredir funcionários por volta da meia-noite, antes da chegada da oficial de justiça que cumpria mandado de busca e apreensão dos exemplares do jornal daquele dia. A decisão foi da juíza eleitoral Paula Jacqueline Bredariol, da 6ª Vara Cível, que estava de plantão. Para ela, as denúncias das reportagens feriam a imagem dos candidatos e interfeririam no processo eleitoral.
Segundo José Ursílio, responsável pelo Diário, a juíza apresentou a determinação sem ler na íntegra a denúncia feita pela Procuradoria Regional Eleitoral, que investiga o abuso de poder econômico, político e de autoridade do candidato a deputado federal José Abelardo Camarinha, Vinícius Almeida Camarinha, candidato a deputado estadual, e Mário Bulgarelli, candidato a prefeito da cidade. Eles também foram condenados pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) a pagar R$ 40 mil por propaganda eleitoral antecipada.
Os advogados Telêmaco Luiz Fernandes Júnior e Leonardo Frederico Lopes apresentaram um pedido de revisão da medida em defesa do jornal. Eles mostraram a denúncia e também uma reportagem da assessoria de imprensa da própria procuradoria sobre o caso. A juíza reviu a censura e liberou o jornal às 7h23, mas mandou alterar a manchete e fez algumas alterações no texto. A última edição do jornal saiu às 11h e, de acordo com Ursílio, partidários de Camarinha compraram quase todos os exemplares nas bancas de jornais e postos de venda.
No dia 18 de julho, Ursílio sofreu uma tentativa de assassinato. Ele suspeita que o atentado tenha sido continuação da tentativa de incêndio no prédio do jornal, em setembro de 2005. O jornalista costuma publicar denúncias contra José Abelardo Camarinha e diz ter sido perseguido e ameaçado por pessoas ligadas ao ex-prefeito. Em março, Ursílio foi acusado pelo assassinato do filho de Camarinha.