- 15.12
- 2020
- 16:49
- Abraji
Liberdade de expressão
Acesso à Informação
Detenções arbitrárias de mulheres jornalistas sobem 35% em 2020
De acordo com o Balanço Anual 2020 da Repórteres sem Fronteiras (RSF), 42 mulheres jornalistas encerram o ano privadas de sua liberdade. Em comparação às 31 profissionais de imprensa presas no período anterior, houve um aumento de 35%.
Os países que mais prendem repórteres do gênero feminino são, em ordem: Bielorrússia (4), que sofre com uma repressão sem precedentes desde a eleição presidencial de 9.agosto.2020; Irã (4); e China (2), onde a repressão se acirrou com a pandemia do novo coronavírus. Na lista das mulheres jornalistas presas, está a vencedora do Prêmio RSF da Liberdade de Imprensa de 2019, Pham Doan Trang, do Vietnã.
Sem o recorte por gênero, a RSF mapeou 387 jornalistas presos em seu Balanço Anual de 2020. Em 2019, o número de encarcerados foi 0,5% maior (389). O documento é publicado todos os anos desde 1995. A entidade declara que o número de profissionais detidos se mantém em um patamar elevado frente à série histórica.
Os dados coletados pelas equipes da entidade e do Observatório 19 apontam a quadruplicação do número de detenções e abordagens arbitrárias, entre os meses de março e maio de 2020, quando se iniciou a disseminação da covid-19 pelo mundo.
Das 404 violações registradas pela organização, entre o começo de fevereiro e o fim de novembro, apenas detenções motivadas por alegações ligadas à crise sanitária representaram 35% dos abusos. A prisão de 14 jornalistas para impedir que trabalhassem durante a cobertura da pandemia de covid-19 se estende até o momento, embora a regra para esse tipo de caso seja a detenção durar por algumas horas, dias ou semanas.
Violência física e ameaças, com 121 reincidências, ainda correspondem a 30% das violações registradas. O Balanço Anual 2020 mostra também que ao menos 54 jornalistas são atualmente mantidos como reféns no mundo - 5% a menos do que no ano passado. Com a libertação de um jornalista ucraniano detido pelas forças separatistas pró-russas da região de Donbass, Síria, Iraque e Iêmen são agora os últimos países do mundo onde há jornalistas sequestrados.
Segundo o comunicado da RSF, em 29.dez.2020, a organização publicará a versão final do Balanço Anual dos jornalistas mortos.
Foto: Qiqi Lourdle/ Flickr