- 23.06
- 2017
- 09:41
- Mariana Gonçalves
Formação
De listas a furos: editor conta no Congresso da Abraji como funciona a operação de jornalismo investigativo do BuzzFeed nos EUA
Atualizado em 28.jun.17, às 12h07.
Atualização: o painel "O futuro da investigação jornalísitca em meios digitais agora acontece das 9h às 10h30 da sexta-feira, na sala 632 da Universidade Anhembi Morumbi. Será realizado via teleconferência.
O editor de investigação e projetos do BuzzFeed nos EUA, Mark Schoofs, vem ao 12º Congresso da Abraji apresentar “O futuro da investigação jornalística em meios digitais”. A sessão acontece na sexta-feira, 30 de junho, das 11h às 12h30.
Na ocasião, Schoofs deve falar do modelo de funcionamento das investigações no BuzzFeed News Investigations e de como os métodos de apuração e redação de reportagens investigativas podem se adaptar, no futuro, às dinâmicas da internet. A mediação é do editor de conteúdo do UOL, Rodrigo Flores.
Criado em outubro de 2013, o BuzzFeed News Investigations propõe-se a aliar a energia e formatos do BuzzFeed aos melhores valores do jornalismo investigativo, “fiscalizando as pessoas, expondo injustiças e contando as histórias que devem ser contadas”, disse Schoofs, ao assumir a equipe. Hoje, contando com ele, são 22 jornalistas ao todo.
“Eu não acho que o jornalismo digital é tão diferente do jornalismo impresso. O básico é o mesmo: encontre uma grande história e conte-a bem”, diz Schoofs. Nesse sentido, ele conta, as operações no BuzzFeed News Investigations não diferem muito de outros lugares em que trabalhou. “Como a maioria das equipes de investigação, nós procuramos aquilo que meu chefe anterior – Paul Steiger, editor-chefe do The Wall Street Journal e editor fundador da ProPublica – chama de histórias com ‘força moral’. Buscamos os maiores problemas, traições de confiança, corpos feridos ou dinheiro roubado; então, tentamos medir ou quantificar os danos, identificar os responsáveis, e contar a história do modo mais atraente e poderoso.”
Algumas práticas da equipe de Schoofs para melhorar a qualidade das reportagens são a adoção constante de checagens, em que um repórter do time é encarregado de verificar a história do outro, e a edição final pelo “Clube de Leitura”, um grupo de jornalistas do BuzzFeed. “Quando a equipe tem uma história importante, levamos um rascunho quase pronto ao Clube de Leitura, o que é fantástico”, afirma o editor. “Porque as pessoas estão lendo os trabalhos de seus colegas – e, por isso, elas são incrivelmente prestativas, rigorosas e querem tornar a matéria tão boa quanto ela pode ser.”
Schoofs acredita que, nos meios digitais, mais do que nos impressos, os leitores devem saber por que estão lendo uma história e por que ela é importante, “Isso significa que os lides das reportagens têm que ser muito poderosos e, na maioria das vezes, curtos”.
“E, claro, você pode fazer coisas no digital que não pode fazer no impresso – interativos, hiperlinks para as fontes, vídeos, e tudo o mais”, continua. “Mas, no fim das contas, a apuração e a narrativa são o que importa."
Entre as principais reportagens do BuzzFeed, destacam-se as sobre conflito de interesses de Donald Trump, arquivamento de acusações de estupro pela polícia, uma corte exclusiva que livra grandes empresários da condenação por seus crimes e a história que resultou na libertação, após 23 anos, de um homem preso injustamente em Chicago. No site, é possível ler as histórias que Schoofs elegeu as mais memoráveis de 2016, 2015 e 2014.
Além de editor de investigação e projetos, Mark Schoofs coordena o BuzzFeed News Tips, seção do site que recebe dicas e informações vindas dos leitores para serem apuradas. Com mais de 30 anos no jornalismo, trabalhou na ProPublica, no The Wall Street Journal, no The Village Voice e escreveu para veículos como The News York Times Magazine, The Washington Post, Esquire e Out. Ao longo da carreira, ganhou dois prêmios por série de reportagens no Voice sobre a crise de Aids na África (2000) e pela cobertura do 11 de Setembro no Journal (2002).
O 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo acontece de 29 de junho a 1º de julho na Universidade Anhembi Morumbi, unidade Vila Olímpia, em São Paulo. Com mais de 60 painéis e oficinas, o evento dura das 9h às 17h30 nos três dias. As inscrições estão abertas até 26 de junho e podem ser feitas em congresso.abraji.org.br.
Serviço
12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Universidade Anhembi Morumbi
Rua Casa do Ator, 275, Vila Olímpia – São Paulo, SP
29 de junho a 1º de julho de 2017
Inscrições até 26 de junho em congresso.abraji.org.br