- 27.04
- 2021
- 20:15
- Abraji
Liberdade de expressão
Críticas e opiniões contrárias são maiores motivos para bloqueios de autoridades no Twitter
No ar desde o dia 12.abr.21, a campanha Bolos AntiBlock, lançada pela Abraji e pelo site Congresso em Foco, revela que fazer críticas à administração de autoridades públicas (14,8%) e manifestar opiniões contrárias a elas (14,8%) são os motivos que mais levam aos bloqueios de perfis no Twitter.
"Fazer perguntas incômodas é inerente ao trabalho do jornalista, e autoridades públicas devem prestar contas de seus atos à sociedade", diz Cristina Zahar, secretária executiva da Abraji. "Ao bloquear o acesso a suas contas nas redes sociais a quem os critica ou emite opinião contrária, os políticos desprezam as regras democráticas e impedem o acesso à informação", completa.
A iniciativa, desenvolvida pelo FCB Studio, é inspirada nas receitas de bolo publicadas nas páginas de jornais censurados no período da ditadura militar. Ao conectar o perfil do Twitter no site, a ferramenta rastreia se o usuário foi bloqueado por alguém no exercício do mandato e gera um bolo em cryptoarte.
Os dados da ação mostram que, até o momento, os deputados federais são as autoridades que mais bloqueiam (43,7%), seguidos pelo presidente e vice-presidente (19,8%) e por ministros (19%).
Os jornalistas são os profissionais mais impedidos de acompanhar os perfis de autoridades: correspondem a 20% de todos os usuários que testaram a plataforma. Logo depois, vêm os profissionais do direito (11%), da publicidade (9%) e da educação (6%).
Decisão antiblock
Em 2019, a justiça dos Estados Unidos determinou que o ex-presidente Donald Trump desbloqueasse seus críticos no Twitter. O Knight First Amendment Institute, da Universidade Columbia, moveu a ação contra Trump em 2017, por considerar que ele discriminava pontos de vista quando impedia outras pessoas de segui-lo.
Diferentemente do país norte-americano, o Brasil não tem uma decisão judicial, nem uma legislação específica sobre o tema. Uma possível regulamentação está no projeto de lei 2630/2020, conhecido como o PL das fake news. Na versão aprovada pelo Senado, as contas de detentores de mandatos eletivos e ocupantes de cargos no Executivo passam a ser de interesse público e, portanto, não podem restringir o acesso de outras pessoas às suas publicações. O PL ainda será votado pela Câmara dos Deputados.