• 22.03
  • 2007
  • 12:33
  • Liege Albuquerque

Congresso terá painel de boas histórias

Relatos de dificuldades na apuração, de longas esperas, de imprevistos e, enfim, da reportagem investigativa publicada e bem repercutida são também aulas de jornalismo. É a idéia do “Boas Histórias, Boas Reportagens”, um dos principais painéis do 2º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji entre os dias 17 e 19 de maio, em São Paulo.

 

O painel foi um dos que fez mais sucesso entre os participantes do 1º Congresso Internacional da Abraji, em 2005, no Rio de Janeiro. Na ocasião, foram selecionadas 18 reportagens, das 42 enviadas de todo o Brasil. Podem ser inscritas matérias premiadas e não premiadas.

 

A idéia é que o próprio autor participe do Congresso e, caso sua reportagem seja selecionada, relate sua apuração no painel. Se o autor não puder ir ao congresso, a Abraji irá preparar uma apresentação em power point com base no relatório enviado pelo repórter.

 

Para inscrever reportagens de veículos impressos, envie cópias em PDF para [email protected] e [email protected]. Se forem matérias de rádio ou TV, encaminhe uma cópia em fita, CD ou DVD para Rua Jesuíno Arruda, nº 797, 10º andar, Itaim-Bibi, São Paulo (SP), CEP 04532-082, aos cuidados da Laura Diniz. Além disso, também é preciso enviar, junto com a reportagem, a seguinte ficha de inscrição preenchida:

 

1. TÍTULO DA REPORTAGEM (OU SÉRIE):

2. ONDE FOI PUBLICADA:

3. TIRAGEM (OU AUDIÊNCIA):

4. EDITORIA:

5. PUBLICAÇÃO (QUANDO):

6. AUTORES:

7. EDITORES:

8. TEMPO DE APURAÇÃO:

9. RECURSOS UTILIZADOS:

10. VOCÊ USOU ENTREVISTAS EM OFF?:

11. ORIGEM DA PAUTA:

12. PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS:

13. REPERCUSSÃO:

14. PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS:

15. CONTE UM POUCO DA HISTÓRIA DESSA REPORTAGEM:

 

VEJA EXEMPLO DA FICHA DE INSCRIÇÃO DE UMA REPORTAGEM SELECIONADA EM 2005:

 

TÍTULO DA REPORTAGEM (OU SÉRIE): Ex-governador de MT suspeito de ser mandante de crime de pistolagem

 

ONDE FOI PUBLICADA: Correio do Estado (MS)

 

TIRAGEM: cerca de 20 mil exemplares

 

EDITORIA: Polícia

 

PUBLICAÇÃO: Dezembro de 2004

 

AUTORES: Denilson Pinto

 

EDITORES: Denilson Pinto

 

TEMPO DE APURAÇÃO: dois meses

 

RECURSOS UTILIZADOS: Cruzamento de informações na Internet, pesquisa nos fóruns de SP, MT e MS, consulta em obituário na Folha de SP

 

VOCÊ USOU ENTREVISTAS EM OFF? sim

 

ORIGEM DA PAUTA: Prisão de policiais de MS no aeroporto de SP, acusados de homicídio em Guarujá

 

PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS: Polícia de MS dificultou o trabalho da imprensa pelo fato de os acusados serem policiais

 

REPERCUSSÃO: Outros jornais, rádios e TVs repercutiram o caso. Acabei virando testemunha no processo de acusação contra o ex-governador de Mato Grosso, Júlio Campos

 

PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS:

Ex-governador de Mato Grosso foi indiciado pela Polícia de São Paulo como mandante de crime de pistolagem.

 

CONTE UM POUCO DA HISTÓRIA DESSA REPORTAGEM: Dois policiais de MS foram presos em SP, acusados de matarem um empresário no Guarujá. O crime foi no dia 5 de agosto de 2004, tendo como vítima Antonio Ribeiro Filho. As primeiras informações davam conta que o motivo do crime seria por causa de disputa de terra, em Mato Grosso. As investigações foram mantidas em sigilo e a pergunta era quem estaria por trás dos crimes (autoridades de MT ou de MS. Dias depois, em off, um delegado envolvido no caso, informa que a morte do empresário poderia estar ligada a outro assassinato, que aconteceu em SP. Ao consultar o site do TJ, descobre-se que os policiais aparecem como réus na morte de Antonio Ribeiro Fiho e Nicolau Ladislau Ervin Haralyi. Ao consultar jornais de SP, ninguém deu notícia envolvendo o crime de Nicolau. Através do obituário, publicado na Folha de São Paulo, descobre-se o dia que Nicolau morreu.Ao checar sobre sua vida, verifica-se que a vítima era fonte respeitada no setor de gemologia e professor universitário. Estranhei o fato da grande imprensa não ter dado nada sobre o crime. Cria-se então um desejo de ir a fundo nessa história para saber quem estaria por trás dos dois crimes. Comecei então um intenso trabalho de jornalismo investigativo, chegando à vida das vítimas. Localizando advogado da vítima Antonio Ribeiro Filho, ele informa em off que tinha político de MT envolvido no crime, informando que ele teria sido motivado com uma empresa agropastoril. Checo a história desta firma, e descubro que ela tinha sido vendida dois meses antes da vítima morrer. Localizo os “donos” da empresa e me passando por fazendeiro, afirmo que gostaria de fazer negócios com a agropastoril. A conversa é gravada, por telefone. De cara os sócios Nauriá e Delci afirmam que na verdade eles apenas emprestaram seus nomes e que o verdadeiro dono era Júlio Campos, ex-governador de MT e atual conselheiro do Tribunal de Contas. Identificava-se assim o principal suspeito de estar envolvido no crime. A gravação que fiz acabou servindo de prova no inquérito que resultou na quebra do sigilo fiscal e bancário dos laranjas e do ex-governador, que inclusive (os dois primeiros) tiveram prisão preventiva decretada. O crime seria motivado por uma fazenda em nome da agropastoril, com 87,5 mil hectares, avaliada em R$ 17 milhões, com forte potencial em diamantes. Por fim, resolvi passar a pauta para os colisteiros da Abraji e então saiu uma página no Diário de São Paulo, bem como no jornal Folha de São Paulo, reforçando as denúncias que haviam sido publicadas no Correio do Estado.

Assinatura Abraji